sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Sincronicidade



Não existe coincidência e nem por acaso...


Revendo arquivos de crônicas passadas e vividas encontro essa “pérola” que o mestre  tempo esculpiu do nácar pessoal e se incorporou a mim. Tem a face de um cristal autobiográfico e brilho do presente, nessa “aldeia” incrustada nas fraldas do Espinhaço. 


                                                     


Imagem virtual
                       
                         Ah, esse cara tem me consumido a mim e a tudo que eu quis.
Com seus olhinhos infantis,com os olhos de um bandido.
( Caetano Veloso)

                                  
                                            
                                                               

                                                        Hei! Tem um sujeito me olhando de dentro do espelho meu...
           Ah! Esse “cara” tem os olhos gulosos pra saborear novos saberes, mesmo grisalho e o mal, passado. Os ouvidos atentos à percepção dos ruídos das agressões que esse mundinho maluco “apronta”, à mãe natureza. A fala e o punho “sinistro” que escreve e descreve seus sonhos realizados ou ainda na “boca de espera”.
 Pacato cidadão, exerce seu gozo de vida em “estado de sítio” cercado de montanhas e verde. Sem dinheiro no bolso, sem amigos importantes, exceto o Beethoven e a Magali, ambos de fidelidade canina.
No berço da juventude podaram seus planos e decapitaram mais um de seus devaneios, quando a ditadura meteu “o pé na bunda” e o alijou da Engenharia de Minas na UFMG. ”Ficou de quatro”, no quarto ano. Tarde, mas maduro, se graduou e se deliciou no curso da História, excelente janela para ler e se enamorar das Minas que são Gerais. É feliz, por compreender que de árvore boa provém bons frutos. Vieram os filhos, três raras estrelas de brilho singular e inteligência multifária. Um médico ortopedista, uma pediatra, ainda infante na profissão e o caçula e biólogo que optou em seguir carreira no MPU, lá em Brasília. Todos têm um “curriculum”, com o pé na mesma estrada; a UFMG, na Capital das Alterosas. O mais velho, ficou em primeiro lugar no vestibular em Medicina, passou em quatro universidades, inclusive a de Campinas, UNICAMP.
Filhos- boa semente, plantada no futuro. No reflexo de todos, um pouco de sua luz, na versão light (leia-se alvorada). O significado disso é que continuará sobrevivente dia- após- dia.
Êta trem bão, sô! Tá rindo à toa, ainda que caminhante solitário. Haja saco para sustentar esta solidão cacete!
A piroga do seu casamento naufragou - perdida em um amazonas de dúvidas, preconceitos, prejuízos e medos. Tal qual Ulisses (o brasileiro) em sua odisséia política, virou plâncton, alimentando peixes e se desintegrou.
Atente para esse paradoxo na sua escalada: viver sozinho entre paredes de uma casa grande e ser escravo na senzala das dificuldades de uma pequena atividade, mesmo tendo uma grande idéia na cabeça! Ter a mesma cuca plugada com o mundo e estar ilhado em um mar de montanhas, cercado de atraso e terras raras de solidariedade, respeito, amizade. Deste mesmo meio, um consórcio funde a inveja, orgulho e ciúme, num banquete diário, onde até os miseráveis são comensais.
Pedras e natureza, harmonia, equilíbrio e beleza. "Se calarem a voz dos profetas, as pedras falarão. Se fecharem os poucos caminhos, mil trilhas nascerão."
Meu caminho é de pedras, eu não posso parar 
Fala das Pedras 


 Possui a identidade ambientalista, forjada no calor dos atritos e desafios superados, nesta “ilha” mediterrânea, divorciado das algemas do progresso capitalista.
Tem razoável pertencimento à causa da natureza “Green and Peace”.Se não de todo verde é um ser camaleônico pintado nas cores do otimismo, e da esperança.
Esse cara, “não joga a toalha, entregando o jogo no primeiro tempo”. É determinado, e bastante resiliente, deseja que você, leitor amigo, esteja bem, munido de paciência para “mergulhar nesse regato de letras claras e emotivas”. Águas vazadas de um ser que aprendeu com o amor, a construir pontes para atravessar o rio da vida.
 Esse sujeito que tem um quê de Narciso, mirava-me, na virtualidade das palavras digitalizadas. Entrou pro lado de fora do espelho, incorporou-se a mim e é de real valor.
Com certeza, esse homem, não retém a pegada fria e dura fixada na pedra, qual uma dissertação rasa e formal. Contudo, expressa a porção interna e a parcela externa vivenciadas nesse burgo de beleza cênica e de atores cínicos. Personagens que atrelam o povo, à sua cela de comando, carreados em selas bem aclimatadas. Acomodam-se nos distintos estratos do poder, temporal. Oxalá paguem o preço da ousadia, na saída, ao apito final da partida...

Faladaspedras
Gouveia MG
13 de Dezembro de 2010


 

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