Três viventes sustentados entre fios de amor
trançados
Neste minifúndio limitado ao
perímetro de uma página em branco, atualmente guardado na memória farta e veloz
de um micro computador, faço minha leitura de mundo. Cuca fresca, mente
arejada, pois bons ventos sopram, (ou sussurram idéias poéticas?) promovendo
fantásticas viagens, deslumbrantes roteiros, agenciados por pensamentos
robustos, registrados em diário de bordo e formatados em crônicas.
Lembra-se, dedicado leitor,
daquela sábia sabiá que se deliciou cantando enquanto bicava a polpa da
“neguinha doce”, no meu quintal? Minha parceira avoante, em consórcio de namoro
à natureza, responsável pelo desenvolvimento sustentável, dessa atual geração
de três viventes em seu ninho. Uma cumbuca de argila, fios de amor trançados,
entre folhas secas, penas e ramos. Construído pacientemente, com a arquitetura
leve e elegante de uma invertida e frágil Ópera de Arame, enrolado a um pé de
jabuticaba, por mim plantado, lá no passado.
Sabiá- Laranjeira, ave símbolo do
Brasil que canta durante a estação do amor. É meu destaque feminino, nesse
carnaval de cores alegres que a
Primavera transformou meu fundo de quintal.Feudo de domínio do amigo Beethoven,vira-lata sem
nenhum complexo,como alguns brasileiros insistem em
ser, cativos dessa algema de inferioridade. Ele convive com autoridade
canina, superando o desempenho do personagem italiano de novela global,
semeando sua trígamia, entre a preta e capenga Quitéria, a velha e melancólica
Magali e uma cadela jovem, muito magra e agitada, de pelo curto, a Amarela.
Todas, assumidamente “SRD” (sem raça definida), ou de taxonomia “PO” (puras de
origem), vira-lata com certificação. Igual ao macho que as cobre, de nome
estrangeiro, emprestado de um gênio surdo e musical.
Existem ainda, duas gerações de
gatos coabitando o mesmo espaço, pra desespero dos três filhos graduados nas
ciências de vida e saúde. Felizmente, eles vêm acentuando a qualidade de afeto
e estreitando o intervalo das visitas à casa paterna. Relação custo-benefício
proativa que os remete à infância e lhes restaura o equilíbrio, solapado no
agito da grande capital. Assoreados pelo tempo apressado, um gargalo estreito que
degrada a qualidade de vida de quem sofre o efeito estufa, na muvuca de um
triste horizonte, cinza grey. O predador- mor, na selva de pedra esclerosada é
o capitalismo, instrumento social que o próprio homem sado- masoquista
inventou.
Macacos
me mordam!Ainda bem que larguei de ser bicho grilo, “antenado” e urbano, me
adaptei nesse nicho de verde e muitas montanhas. Grilo de pouco “grilo”,
escrevente e falante, é o que me tornei...
Queira “Díos y La madre
naturaleza” que eu continue sonhando e me encontre no futuro, plantando idéias
adubadas com amor, colhendo frutos nesse Mini Mundo que não é Gramado. Fica no
coração de Minas, no Espinhaço, agarrado à Diamantina, terra de um grande
homem, tocador de sonhos e construtor de Brasília.
Faladaspedras
20/11/2010
Precisa
nem latir Magali, seus olhos denunciam a ausência da carícia essencial.
A mesma carência presente
na célula familiar, na qual sobreviveu os derradeiro sete anos.
Conflito
de gerações
Para aplacar a sanha dos ratos
e aranhas, é preciso o “crescei e multiplicai” pros gatos.
O pai, adaptado à “evolução
das espécies” em sua casa no campo dá colo de mãe,
pros filhos evoluídos, nas
pragas e doenças e de fartura na inteligência.
El NIÑO E A NINHADA ABENÇOADA
.
Almas cativas de um mesmo
sentimento, revelado no cristalino brilho de um olhar em comum.
Caras e bocas flagradas em
único e especial sorriso, me incitam a deixar registrado no baú de boas
memórias:
“GRACIAS, GRACIAS À LA VIDA
QUE ME HAY DADO
TANTO”
Nenhum comentário:
Postar um comentário