sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Madre naturaleza

Três viventes sustentados entre fios de amor trançados 

Neste minifúndio limitado ao perímetro de uma página em branco, atualmente guardado na memória farta e veloz de um micro computador, faço minha leitura de mundo. Cuca fresca, mente arejada, pois bons ventos sopram, (ou sussurram idéias poéticas?) promovendo fantásticas viagens, deslumbrantes roteiros, agenciados por pensamentos robustos, registrados em diário de bordo e formatados em crônicas.
Lembra-se, dedicado leitor, daquela sábia sabiá que se deliciou cantando enquanto bicava a polpa da “neguinha doce”, no meu quintal? Minha parceira avoante, em consórcio de namoro à natureza, responsável pelo desenvolvimento sustentável, dessa atual geração de três viventes em seu ninho. Uma cumbuca de argila, fios de amor trançados, entre folhas secas, penas e ramos. Construído pacientemente, com a arquitetura leve e elegante de uma invertida e frágil Ópera de Arame, enrolado a um pé de jabuticaba, por mim plantado, lá no passado.


Sabiá- Laranjeira, ave símbolo do Brasil que canta durante a estação do amor. É meu destaque feminino, nesse carnaval de cores alegres que  a Primavera transformou meu fundo de quintal.Feudo  de domínio do amigo Beethoven,vira-lata sem nenhum complexo,como alguns brasileiros insistem  em  ser, cativos dessa algema de inferioridade. Ele convive com autoridade canina, superando o desempenho do personagem italiano de novela global, semeando sua trígamia, entre a preta e capenga Quitéria, a velha e melancólica Magali e uma cadela jovem, muito magra e agitada, de pelo curto, a Amarela. Todas, assumidamente “SRD” (sem raça definida), ou de taxonomia “PO” (puras de origem), vira-lata com certificação. Igual ao macho que as cobre, de nome estrangeiro, emprestado de um gênio surdo e musical.
Existem ainda, duas gerações de gatos coabitando o mesmo espaço, pra desespero dos três filhos graduados nas ciências de vida e saúde. Felizmente, eles vêm acentuando a qualidade de afeto e estreitando o intervalo das visitas à casa paterna. Relação custo-benefício proativa que os remete à infância e lhes restaura o equilíbrio, solapado no agito da grande capital. Assoreados pelo tempo apressado, um gargalo estreito que degrada a qualidade de vida de quem sofre o efeito estufa, na muvuca de um triste horizonte, cinza grey. O predador- mor, na selva de pedra esclerosada é o capitalismo, instrumento social que o próprio homem sado- masoquista inventou.
Macacos me mordam!Ainda bem que larguei de ser bicho grilo, “antenado” e urbano, me adaptei nesse nicho de verde e muitas montanhas. Grilo de pouco “grilo”, escrevente e falante, é o que me tornei...
Queira “Díos y La madre naturaleza” que eu continue sonhando e me encontre no futuro, plantando idéias adubadas com amor, colhendo frutos nesse Mini Mundo que não é Gramado. Fica no coração de Minas, no Espinhaço, agarrado à Diamantina, terra de um grande homem, tocador de sonhos e construtor de Brasília.






Faladaspedras
   20/11/2010 


Precisa nem latir Magali, seus olhos denunciam a ausência da carícia essencial.
                        A mesma carência presente na célula familiar, na qual sobreviveu os derradeiro sete anos.


Conflito de gerações
Para aplacar a sanha dos ratos e aranhas, é preciso o “crescei e multiplicai” pros gatos.
O pai, adaptado à “evolução das espécies” em sua casa no campo dá colo de mãe,
pros filhos evoluídos, nas pragas e doenças e de fartura na inteligência.




El  NIÑO E  A  NINHADA  ABENÇOADA
.
Almas cativas de um mesmo sentimento, revelado no cristalino brilho de um olhar em comum.
Caras e bocas flagradas em único e especial sorriso, me incitam a deixar registrado no baú de boas memórias:
“GRACIAS,  GRACIAS  À  LA   VIDA QUE  ME  HAY  DADO  TANTO”

 






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