domingo, 23 de setembro de 2012

Amor é fogo que arde sem se ver



Amor é tempero e calor pra alma celebrar a vida.



“Amor é fogo que arde sem se ver;
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?” 
        Camões, final do séc. XVI                       

            Certa feita, eu comentei que, da raiz de Luís, se ramifica a luz. Porém, nem só do interior de lisboetas e poetas, irradia a tal da sabedoria. Homens e mulheres dessa redonda Terra, quando buscam a felicidade,”pé no chão, em marcha estradeira” encontram pérolas geradas no casulo duro da sabedoria.  “A felicidade é a oportunidade que se cria para sermos o artista de nossa autocriação.”  “É pau, é pedra e no fim do caminho, a luz da manhã. É um passo, é uma ponte, a promessa de vida.
Sabedoria e felicidade, espécie de cimento que pavimenta o acesso à morada do afeto.Onde reside o sentimento, aquilo que se sente,singular e subjetivo a cada indivíduo,seja homem ou mulher e que coabita no mesmo “teto” com a emoção,mais concreta ,mais palpável e corpórea. A afetividade acolhe essas duas dimensões,abraça a emoção com igual distinção ao sentimento.É a cola que une corpo e alma do mesmo ser.Além disso, é querer ultrapassar o limite e domínio da psicologia. É velejar em mar nunca dantes navegado,”tô fora!”...
Dentro de mim, um afeto positivo renasce a cada despertar; o amor ao Fernando em pessoa e o que a pessoa de Fernando nutre por mais que um alguém. Sentimento e emoção que irrigam meu coração,qual a poética inspirada do Luís português que enxergou e bem,só com o olho esquerdo, a grandeza do amor”. Atemporal, sutil e denso como um Shakespeare apaixonado,quando criou o drama de Romeu e sua eterna amada Julieta.Assim,de mesma maneira, a comédia,Sonho De Uma Noite de Verão, recheada de magia e realidade.
A bem da verdade estou disposto a revelar esse afeto maduro ,fruto de uma árvore que plantei a semente,na minha média idade. Saboreio –o, com a serenidade da colheita na hora correta e o toque das mãos, em fundamentos da alma calejada e ávida por momentos prazerosos, no gozo da amizade e do amor fraterno e principalmente, paternal.Tudo bem que a paixão me faz falta ainda ,mas o que faz feliz e me satura de riqueza é perceber qual florada intensa em meu jardim ,um regato de cristalino veio, ziguezagueando sob meu sensível peito. No tom brasileiro de Jobim; é um pingo pingando  excitando o desejo em ser  fonte. É um belo horizonte, é uma febre terçã, é a água de Março inundando o meu coração.
Não guardei ouro e nem prata, faço o que posso e sei dar o que tenho.Que tenho pra dar? É esse ser que a mudança nesta vida, me transformou. Creio ser a realidade de me sentir rico, é o prosperar no plantio da doação, de dentro pra fora, pro próximo mais perto, ou mesmo distante. Aprendi também, após duras lições e algumas penalidades máximas que o amor é destilado depois do fermento das paixões e não precisa estancar seu curso, devido às reações do outro lado. Não é água de córrego, é água de inundação. Quando vem, traz consigo muita coisa junta. Como uma enchente com caminhos próprios, derruba muros, causa insegurança, dá coragem para enfrentar obstáculos que pareciam intransponíveis e também provoca medo.” Felizmente, nesta altura do jogo, não tenho medo de ser o que consegui ser. Preciso aprender a ser só, é a conjuntura que vivo, mas não me tornarei solitário se consigo amar a mim. Todavia, ”nossas riquezas ultrapassam o lado material e quando o amor é artificial, o dinheiro torna-se fundamental.” ”Os corações de gelo procuram juntar muito dinheiro, na crença de que compram tudo que necessitam, e só descobrem que essa não é a regra, quando percebem que estão sozinhos que não há dinheiro no mundo que pague o amor que desejam ter .
O chato da vida não é obter perdas ou derrotas. O limitante da vida é se tornar medíocre. Vangloriar-se de não errar, pelo medo de nunca ter tentado. Devido  nosso maior adversário residir dentro de nós, os outros são aqueles agentes motivadores que estabelecemos para superar nossos desafios. Os obstáculos não devem estorvar o direito de amar e ser amado. “Feridas da alma são curadas com carinho, atenção e paz.” Somos estrelas de razoável grandeza, não será uma nuvenzinha de aborrecimento que vai embaçar nossa luz.
Para costurar esse texto precisei brincar de um jogo lúdico de copiar e colar. Inseri a poesia romântica do seiscentista Luís Vaz de Camões e de seu contemporâneo, o dramaturgo William Shakespeare, anexei o amor sem limites pelo gênero humano. Do maestro e ambientalista, Antônio Carlos Brasileiro Jobim bebi das águas de Março, sem medo de ser feliz. Para chulear os principais pontos, um requintado bordado de idéias e pensamentos do Roberto Shinyashiki. Da parte que me cabe neste latifúndio verbal, plantação de palavras que produzem imagens na sua fotossíntese, quem quiser que a use, a arranque e abuse mas, por favor, dai-me o crédito das referências.
Refleti melhor e agora sei que a Terra,cada vez mais intoxicada pela tecnologia dos homens geniais que a dominaram,precisa urgente de seres, cada vez mais impregnados de sabedoria, felicidade e amor.

Fernando das Pedras e Linhares
07/11/2010 - Domingo

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