NO PRINCÍPIO ERA O FIM!
Paradoxo absurdo, no
princípio era o fim!
O gênero novela teve sua gênese na telinha brasileira,
engravidado numa barriga de aluguel. O enlatado vinha dos “estranja”
principalmente de Cuba ainda “nom libre” e da América que fazia de Hollywood
seu portal internacional. Da mesma forma antecessora, o rádio transmitiu por
muito tempo sua onda de influência e principal legado, o folhetim. O Brasil
encostava o ouvido ao pé do rádio, logo após a Ave Maria, para vibrar com
“Jerônimo o Herói do Sertão” nas curtas da Nacional. Que ”Em Busca da
Felicidade”, cria a primeira radionovela. Em seu, “O Direito de Nascer” do
cubano Félix Caignet, alcança a maturidade e a glória.
Essa herança, abraçada pela tevê nascente veio em muito boa
e abençoada hora. Ai que preguiça!Macunaíma presente, passa a bola pra frente. Vem
o ano de 51, uma boa idéia bate na cabeça de Walter Foster que mete um gol de
placa na Rede Tupi. Como uma partida de futebol, no clube Brasil de pelotas,
inaugura-se a versão com imagem, dos folhetins de tanto sucesso no rádio. Ao
vivo e sem cores, uma novidade arrebatadora. O videoteipe ausente exigia a
presença de socos e pontapés no corpo de atores, literalmente. O comercial
carecia de ser inserido na própria trama. O merchandising nosso, de cada dia,
já existia naquele ano distante, na pioneira Tupi.
Cada partida ou capítulo durava quinze minutos e se
realizava as terças e quintas. Na final, o clímax para o primeiro beijo na
boca. Houve muito “ti ti ti” e bate língua pelo escândalo do selinho dos protagonistas Walter
Foster e Vida Alves em “Sua Vida Me Pertence” Imagine se fosse o mensalão do
Arruda!.Nesse placar apertado de saldo de beijos, alargou-se o tempo para
encerrar a disputa e largar de vez, os enlatados estrangeiros.
A certidão de nascimento da primeira novela na tela
tupiniquim documenta a presença de Ariclenes Venâncio, jovem sonoplasta
expatriado do rádio. Um aprendiz de “faz tudo”, sobrevivente de sua viagem em
caminhão de mangas. Retirante, de Sacramento na sua Minas até o desemboque na
“zona” de São Paulo, onde morou adolescente,com a estrangeira cafetina . Seu
nome é Lima, Lima Duarte. Sua história dá samba e enredo pra muitas novelas. A
luz desse jovem de quase oitenta anos, ilumina diretores, atrizes e atores e
uma imensa fatia do público brasileiro. Se as peças, filmes e novelas em que
atuou em sua rica biografia, pudessem falar, diriam em uníssono: Sua vida me pertence,
Shankar!Da viagem das mangas, até o caminho das Índias. Viver a vida como Ariclenes
Martins vive, em constante desafio e superação. É a supremacia do talento,
casadinho com a dedicação, consórcio do suor e da cabeça. Matriz que semeia idéias,
emoções e magia, inseminadas pelo veículo da TV, em milhões de cucas e corações
brazucas. Da cor da pele, verde e amarela. Uma mente sã que é amante de
Guimarães Rosa e consegue qual o mestre, médico e diplomata, em sua alquimia
destilar sabedoria no lombo e na palavra de um peão.
Em meu discernimento, você Lima (invoco nossa convivência de
quarenta anos, desde Beto Rockfeller pra chamá-lo assim) incorpora com extrema propriedade,
tipos populares. Dá voz, no tom e no ritmo e na musicalidade que se harmonizam
para que a alma do personagem ilumine a platéia. Genial!Salve o talento
brasileiro.
A propósito, a Rede Globo recebeu o prêmio Emmy Internacional,
na categoria telenovela. Justo para a equipe de Caminho das Índias. Além da autora,
diretor e um elenco de qualidade, incluindo a presença do Ariclenes “Duarte”,
mineirim de Desemboque. Aliás, o João Rosa é nascido em Cordisburgo, donde o
Grande Sertão Veredas, fez seu desemboque para o mundo.
Desde 51, uma boa idéia que iniciou o menino da serra da Canastra,
(sua Sacramento abençoada por águas fartas) na arte de representar, até o
caminho do sagrado Ganges. Muito suor derriçou pela fuça desse matuto mineiro, exímio
contador de causos. Único sobrevivente daquela novela inaugural, o folhetim que
veio para ficar. É um homem feliz, proprietário de uma memória valiosa. Um baú
de brilho que faísca a alma do telespectador, identificado com a fala fina de
um Zeca Diabo, ou o jeito simplório de Sassá Mutema, salvador da pátria, homem
que ia do nada ao entendimento e mais, até ficar imbecil... Foi confundido com o
filho do Brasil (você conhece esse homem, mas não conhece sua história). Segundo
o consagrado artista de Desemboque, criado na roça e “analfa”, (como o protagonista
do filme a ser distribuído em 2010 como plataforma de lançamento da candidatura
da ministra) o atual presidente faz “uma glamourização da ignorância. Contra o
que tenho lutado a vida toda,puxa vida,descobri o encanto por trás da palavra
escrita,a magia.Num país carente de conhecimento,ele não pode ter esse procedimento.É
um imbecil ,um idiota,um ignorante....”
Tão esperto que não sabia do mensalão do PT, do valerioduto
com 40 ladrões do orçamento. Agora, esta quebrando o galho do Arruda,zero
aberto á esquerda do DEM.Disse lá da Ucrânia(bem longe,pra quem não quer enxergar)
que as imagens do escândalo,”não falam por si”!Uma gentileza federal, disfarçando
um míssil teleguiado até o meio de campo de seu inimigo tucano. Detona o time
de lá e de quebra faz excelente lançamento para sua principal atacante, frente
à defesa fragilizada. Não é á toa que seu amigo Nobel da Paz e gerente de duas
guerras, o chama de “o cara”.
Desculpe-me “seo” cartola maioral, mas as notas (Reais) não falam,
simplesmente exalam o fedô de corrupção quando o time de políticos roubam de ti,
ó massa “flanática” desse clube Brasil de jogos de propina em toda a federação.
As imagens berram escancaradamente ,quando o governador de toda a dor dos
brasilienses, afirma que seu primeiro desvio foi pra comprar panetone para os
mais carentes. Inocente e simplório qual Sassá, o presidente da câmara distrital,
Prudente, alega que espalhou dinheiro propinado por todas as reentrâncias de
suas vestes, inclusive meias, por não ter uma simples pasta do Executivo. Aí,
eu pergunto?Será porque ele é um rato
branco radical do Legislativo?
Os fatos atuais, infelizmente legitimam a crítica contumaz
do sábio contador de causos, Lima, de uma arte milenar. Desde Sherazade e o
sultão derrotado por seus contos das mil e uma noites, as mais belas histórias
não podem parar... Personagem de várias histórias, fictícias ou reais. Segundo
decisão dele próprio, sua longa e profícua carreira folhetinesca, inicia seu
fim.
No princípio não era assim. Hoje o gênero novela televisiva
exporta para o mundo, o padrão de qualidade made in Brazil!
Frediaster mineirim
Fernando Linhares
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