quinta-feira, 4 de abril de 2013

UM RIOZINHO DE CRISTALINO VEIO, ZIGUEZAGUEANDO MEU CORPO E MINHA ALMA

  
Uma gota d’água determinada quer virar regato dentro de mim





               
Chove miudinho lá fora, um dia frio, bem climatizado pra ler, mas optei por escrever. Ainda bem que é primavera, as jabuticabeiras que receberam sob minha ação, a cerimônia de lava-pés durante meses, após a Paixão, me doaram seus frutos. Compartilhados franciscanamente com uma sabiá e seu macho que canta com religiosa fidelidade, no amanhecer e na hora do Ângelus. Quando Setembro vier novamente, vai marcar sua hora, na agenda da maternidade da natureza, com certeza.
Plantei há vinte e oito anos, com essas mãos calejadas pela dor, cinco mudas. Faz pouco, um brilho de luz do sol me convidou ao quintal. Um banho de chuva, lento e gradual, promoveu um progresso esplêndido no micro cosmos de meu privilegiado espaço verde. Direto ao pau da fruta, direto ao ponto; quem carpiu a dor, agora tem o verniz pra dar fino acabamento ao seu cultivo de palavras. O mesmo amor se plantou aos pés da “doce neguinha” de quem o mineiro e presidente bossa nova, tanto gostava. Um reflexo clareou meu pensamento; compreendi mais uma vez que sou feliz por captar sutilezas no meu ser, em matura metamorfose. Filho da mãe, filho da natureza, embora vivendo entre homens rudes, consegui servi-los e não tenho saudade do meu futuro de ex- engenheiro. Tenho agora, o soldo descompromissado de um simples gozo. Chupar jabuticaba, de árvore por mim zelada e a certeza afinada na experiência vivida do que plantei no terreno desconhecido do coração dos três filhos. Três filtros severos que depuram, analisam e diagnosticam minhas palavras, pensamentos e especialmente atitudes. No tempero das emoções, na expressão dos sentimentos, na inteireza do afeto positivo, em cada dia renascido em meu peito.

Três filtros severos que depuram, analisam e diagnosticam minhas palavras, pensamentos e especialmente atitudes.

Tal qual a jabuticabeira geratriz de frutose e seu ciclo virtuoso, a abelha transforma néctar coletado em trabalho árduo. É regurgitado e fermentado até ser mel.
Simples caminhos que a mãe natureza mapeou aos seus menores e melhores filhos.
O que me satura de riqueza é perceber qual florada intensa em meu jardim, um riozinho de cristalino veio, nascido de um pingo d’água, determinado a crescer, ziguezagueando meu corpo e minha alma.
Feliz  idade a todos que plantaram boas sementes em seu passado.
Carpe Diem e o feriado também.

Faladaspedras

15/11/10


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