sábado, 6 de abril de 2013

SACIAR A SEDE DE AMAR NA FLUIDEZ DE ÁGUA CALMA


Saciar a sede de amar na fluidez de água calma


Mãe Terra, Pachama Inka, quero mergulhar em sua água calma, quero o aconchego de seu útero sagrado, quero saciar a sede de amar, na fluidez de seu sutil líquido aminiótico. Mãe natureza, abraça seu filho pródigo, sensível amante de seu feminino ser. O desafio é minha energia, mas, às vezes cismo com internos sismos...Aviso aos navegantes: A magnitude do abalo, detectada pelo sismógrafo pessoal, (meu coração criança) foi de pequena monta, escassos três graus ( escala Richter) na superfície da terra, ou seja toda a extensão da minha pele. Contudo, em subnível inatingível aos demais humanos, lava de magma em fogo ardente, pequeno tsunami lavou e levou mágoas represadas. Ufa! Baita alívio, manhã, sem manha em peito marrento. Sol no azul do espaço, som de pássaro no meu fundo de quintal, brisa leve, colírio natural. Abençoado renascer, meu ser integral... 



                                                                         Eu  vi uma  barriga                                                                                                        de mulher preparando
                                                                        um ser pra receber a luz



         Eu enxerguei uma luz inundando o umbigo, na ponta de uma gravidez expandida, sob o domínio do Sol que vem nascer de novo, todas as manhãs.
Eu compreendo que, de Deus vem o dom da vida. Dar à luz é traduzir este dom na língua dos homens, através do ventre de uma mulher.
Eu reconheço a humildade e a grandeza em gerar um ser, alimentar, fazer crescer dentro de si.
Eu senti um novelo construído dentro do útero materno. De fios da paciência, firme no amor e maleável na entrega de seu corpo para abrigar outro, com zelo e carinho, por nove meses ou nove luas – a face feminina da natureza. O homem é como o Sol – é ação, trabalho, transformação. Nem de longe se equipara à gestação.
 Você leitor, pode estar se questionando: Tudo isso por uma barriga grávida que atravessou o campo de visão do autor?
 Tenho compromisso com a vida pulsando em cada gesto de amor. Sensível que sou, não me envergonha afirmar que esse gozo de alma, abre a janela para enxergar com olhos internos, o privilégio de ser quem sou. Devo isso, a um ventre de mulher que me aconchegou em seu casulo, na própria carne, sem me cobrar tostão, pelo aluguel da sua barriga. Ainda me amamentou, suguei amor em seu seio farto, por quatro felizes anos. Corpo, templo, morada do espírito. É pouco provável que encontre palavras que possam refletir o sentimento a que me remete esse “frisson”. Fica mais fácil, entender meu prazer de ver uma mulher preparando outra pessoa?
  Como canta o poeta Caetano, a vida é amiga da arte. Som, imagem, ou palavra, não importa o filtro que usamos  para captar essa força estranha,essa luz tamanha. É a parte que o Sol me ensinou,enquanto o tempo parou pra eu olhar  aquela barriga.
Quem conta um conto,aumenta mais que um ponto...
Eis que, aprendiz de escrevente,capturei a lição de mestre do ofício que : “escrever é traduzir. Sempre o será. Transportamos o que vemos e o que sentimos, até fazer chegar à inteligência do leitor, não a integridade da experiência que nos propusemos transmitir  mas ao menos uma sombra do que no fundo do nosso espírito sabemos ser intraduzível, por exemplo, a emoção pura de um encontro, o deslumbramento de uma descoberta, esse instante fugaz de silêncio anterior à palavra que vai ficar na memória como o resto de um sonho que o tempo não apagará por completo.” Agradeço esse raio de luz , do mago das palavras. O  português e sábio, o Nobel,  José Saramago!







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