Saciar a sede de amar na fluidez de água calma |
Mãe Terra, Pachama Inka, quero mergulhar em sua água calma, quero o aconchego de seu útero sagrado, quero saciar a sede de amar, na fluidez de seu sutil líquido aminiótico. Mãe natureza, abraça seu filho pródigo, sensível amante de seu feminino ser. O desafio é minha energia, mas, às vezes cismo com internos sismos...Aviso aos navegantes: A magnitude do abalo, detectada pelo sismógrafo pessoal, (meu coração criança) foi de pequena monta, escassos três graus ( escala Richter) na superfície da terra, ou seja toda a extensão da minha pele. Contudo, em subnível inatingível aos demais humanos, lava de magma em fogo ardente, pequeno tsunami lavou e levou mágoas represadas. Ufa! Baita alívio, manhã, sem manha em peito marrento. Sol no azul do espaço, som de pássaro no meu fundo de quintal, brisa leve, colírio natural. Abençoado renascer, meu ser integral...
Eu vi uma barriga de mulher preparando
um ser pra receber a luz
Eu
enxerguei uma luz inundando o umbigo, na ponta de uma gravidez expandida, sob o
domínio do Sol que vem nascer de novo, todas as manhãs.
Eu
compreendo que, de Deus vem o dom da vida. Dar à luz é traduzir este dom na
língua dos homens, através do ventre de uma mulher.
Eu
reconheço a humildade e a grandeza em gerar um ser, alimentar, fazer crescer
dentro de si.
Eu
senti um novelo construído dentro do útero materno. De fios da paciência, firme
no amor e maleável na entrega de seu corpo para abrigar outro, com zelo e
carinho, por nove meses ou nove luas – a face feminina da natureza. O homem é
como o Sol – é ação, trabalho, transformação. Nem de longe se equipara à
gestação.
Você leitor, pode estar se questionando: Tudo
isso por uma barriga grávida que atravessou o campo de visão do autor?
Tenho compromisso com a vida pulsando em cada gesto
de amor. Sensível que sou, não me envergonha afirmar que esse gozo de alma,
abre a janela para enxergar com olhos internos, o privilégio de ser quem sou.
Devo isso, a um ventre de mulher que me aconchegou em seu casulo, na própria carne,
sem me cobrar tostão, pelo aluguel da sua barriga. Ainda me amamentou, suguei
amor em seu seio farto, por quatro felizes anos. Corpo, templo, morada do
espírito. É pouco provável que encontre palavras que possam refletir o
sentimento a que me remete esse “frisson”. Fica mais fácil, entender meu prazer
de ver uma mulher preparando outra pessoa?
Como
canta o poeta Caetano, a vida é amiga da arte. Som, imagem, ou
palavra, não importa o filtro que usamos
para captar essa força estranha,essa luz tamanha. É a parte que o Sol me
ensinou,enquanto o tempo parou pra eu olhar
aquela barriga.
Quem conta
um conto,aumenta mais que um ponto...
Eis que,
aprendiz de escrevente,capturei a lição de mestre do ofício que : “escrever é
traduzir. Sempre o será. Transportamos o que vemos e o que
sentimos, até fazer chegar à inteligência do leitor, não a integridade da
experiência que nos propusemos transmitir
mas ao menos uma sombra do que no fundo do nosso espírito sabemos ser
intraduzível, por exemplo, a emoção pura de um encontro, o deslumbramento de
uma descoberta, esse instante fugaz de silêncio anterior à palavra que vai
ficar na memória como o resto de um sonho que o tempo não apagará por
completo.” Agradeço esse raio de luz , do mago das palavras. O português e sábio, o Nobel, José Saramago!
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