SINCRONICIDADE & FINA SINTONIA
Não existe coincidência e nem por acaso...
Revendo arquivos de crônicas passadas e vividas encontro essa “pérola” que o mestre tempo esculpiu, regurgitado do "nácar" pessoal e que se incorporou a mim. Tem a face de um cristal autobiográfico e brilho
do presente, nessa “aldeia” que escolhi viver, "incrustada", nas fraldas da serra do Espinhaço.
Ah! Esse "cara" tem me consumido a mim e a tudo que eu quis. Com seus olhinhos infantis,com os olhos de um bandido.( Caetano Veloso) |
Ah! Esse “cara” tem os olhos "gulosos" pra saborear "novos saberes", mesmo grisalho e o mal, passado. Os ouvidos atentos à percepção, dos ruídos das agressões que esse mundinho maluco “apronta”, à Mãe Natureza. A fala e o punho “sinistro” que escreve e descreve seus sonhos realizados, ou ainda, na “boca de espera”!
Pacato cidadão, exerce seu gozo de vida em “estado de sítio” cercado de montanhas e verde. Sem dinheiro no bolso, sem amigos importantes, exceto o Beethoven e a Magali, ambos de fidelidade canina.
No berço da juventude podaram seus planos e decapitaram mais um de seus devaneios, quando a ditadura meteu “o pé na bunda” e o alijou da Engenharia de Minas na UFMG. ”Ficou de quatro”, no quarto ano... Tarde, mas maduro, se graduou e se deliciou, no curso da História, excelente janela para ler e se enamorar das Minas que são gerais. Na plataforma da vida, estação outono, ele foi ao encontro de mais uma faculdade, garimpando qualidade: Ao patamar de gestor ambiental,alcança o sonhador! Ainda há tempo do apreender e quer mais saber, "guloso no ser", esse cara. Veio a Pós- graduação, mergulho mais profundo, nas águas ainda "turvas" do direito difuso, ambiente fértil na discussão das leis ambientais vigentes na legislação federal.
Através da força da vontade, coragem e determinação, qual fogo laborando, a sua ação ambientalista conquista, com investimento pecuniário de próprio bolso, duas instâncias internacionais: World Water Forum, realizada em Marseille, França e a Rio+20; Conferências Mundiais de Desenvolvimento Sustentável. Acresce-se ainda que, este "cara de pau", ousado conseguiu fomentar o cooperativismo extrativista mineral, em seu próprio terreno e lavra, constituíndo a COOPITA- Cooperativa dos Extratores de Pedras da Serra do Espinhaço Ltda. Nascida, do sêmen de 23 "pais", simples trabalhadores que, "tirando leite das pedras" sustentavam suas famílias, construíndo homens.
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Pedras e natureza, harmonia, equilíbrio e beleza. "Se calarem a voz dos profetas, as pedras falarão. Se fecharem os poucos caminhos, mil trilhas nascerão." |
Esse "empreendimento-criança" jaz, anoréxico e famélico, devido à burra burocracia dos técnicos ambientalistas da SUPRAM-MG. Que, em nome da justiça, "engessaram", sob algema de leis anacrônicas, ações participativas de política social, agregação de renda e fixação do homem em seu "habitat" natural.
Esse, "aborto" insano, é crime inafiançável, porquanto, imola o principal ator social, no seu direito à cidadania, do seu trabalho artesanal, geratriz de sua dignidade, enquanto ser humano! A paralizacão da pedreira, celeiro de vida de mais qualidade, foi perpetrada por instrumento legal, assinado por engenheiro civil, divorciado da acuidade ecológica de uma ciência multidisciplinar.
Esse ato, anti-democrático, vem de encontro ao conceito de desenvolvimento sustentável, discutido amplamente e que ancora o texto final, daquelas duas conferências mundiais, citadas. Pois que, o equilíbrio do meio ambiente, preconiza o alinhamento dos pilares: Econômico, Ambiental e Social. Os dois Fóruns Internacionais redigiram Protocolo; Metas-Síntese, nas quais, se insere, o prioritário combate à pobreza, com geração de emprego e renda. Principalmente em áreas rurais e desabitadas, dessa Terra tão espoliada, sob as garras do capitalismo selvagem. Essa, difusa e confusa, "aldeia global": Mais chefe, menos índio! É a "fala" das pedras, eco de natureza humana. (nem +, nem - )!.
Entre perdas e danos, no balanço dos anos bem vindos, seu contentamento, ainda em fase de crescimento, lhe permite sorrir com os olhos, por compreender que, de árvore boa provém bons frutos.
Vieram os filhos, três raras estrelas de brilho singular e inteligência multifária. Um médico ortopedista, uma pediatra, ainda infante na profissão e o caçula e biólogo que optou em seguir carreira no MPU, lá em Brasília. Todos têm um “curriculum”, com o pé na mesma estrada; a UFMG, na Capital das Alterosas. O mais velho, ficou em primeiro lugar no vestibular em Medicina, passou em quatro universidades, inclusive a de Campinas, UNICAMP.
Filhos: Boa semente plantada no futuro. No reflexo de todos, um pouco de sua luz, na versão light (leia-se alvorada). O significado disso é que continuará sobrevivente dia- após- dia.
"Êta trem bão, sô"! Tá rindo à toa, ainda que caminhante solitário. Haja saco para sustentar esta solidão cacete!...
A piroga do seu casamento naufragou - perdida em um amazonas de dúvidas, preconceitos, prejuízos e medos. Tal qual Ulisses (o brasileiro) em sua odisséia política, virou plâncton, alimentando peixes e se desintegrou.
Atente para esse paradoxo na sua escalada: viver sozinho entre paredes de uma casa grande. rodeada de verde e ser escravo na senzala das dificuldades de uma pequena atividade, mesmo tendo uma grande idéia na cabeça! Ter a mesma cuca plugada com o mundo e estar ilhado em um mar de montanhas, cercado de atraso e terras raras de solidariedade, respeito, amizade. Deste mesmo meio, um consórcio funde a inveja, orgulho e ciúme, num banquete diário, onde até os miseráveis são comensais.
Pedras e natureza, harmonia, equilíbrio e beleza. "Se calarem a voz dos profetas,
as pedras falarão. Se fecharem os poucos caminhos, mil trilhas nascerão."
Seu caminho é de pedras, ele não pode parar...
Possui a identidade ambientalista, forjada no calor dos atritos e desafios superados, nesta “ilha” mediterrânea, divorciado das algemas do progresso capitalista.
O fogo purifica o ouro interno, transmutado pela alquimia laborada, na luz do justo coração |
Tem razoável pertencimento à causa da natureza “Green and Peace”.Se não de todo verde é um ser camaleônico pintado nas cores do otimismo, e da esperança.
Esse cara, “não joga a toalha, entregando o jogo no primeiro tempo”. É determinado, e bastante resiliente, deseja que você, leitor amigo, esteja bem, munido de paciência para “mergulhar nesse regato de letras claras e emotivas”. Águas vazadas de um ser que aprendeu com o amor, a construir pontes para atravessar o rio da vida.
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Àguas vazadas de um ser que aprendeu com o amor, a construir ponte pra atravessar, passo a passo,o rio da vida |
Esse sujeito que tem um quê de Narciso, mirava-me, na virtualidade das palavras digitalizadas. Entrou pro lado de fora do espelho, incorporou-se a mim e é de real valor.
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Narciso-tela de Caravaggio- séc. XVI |
Com certeza, esse homem, não retém a pegada fria e dura fixada na pedra, qual uma dissertação rasa e formal. Contudo, expressa a porção interna e a parcela externa vivenciadas nesse burgo de beleza cênica e de atores cínicos. Personagens que atrelam o povo, à sua cela de comando, carreados em selas bem aclimatadas. Acomodam-se nos distintos estratos do poder, temporal. Oxalá paguem o preço da ousadia, na saída, ao apito final da partida...
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