Por do sol no Memorial JK- Capital Federal onde está arquivado este documento abaixo para pesquisa historiográfica |
![]() |
As curvas do concreto na poesia arquitetonica de Niemeyer- esboço do Palácio do Planalto |
Catedral Metropolitana 1957 - a construção se inicia |
![]() |
De Diamantina-MG tocando em frente até o Planalto em Brasília, Capital Federal |
![]() | ||
O menino Juscelino virou presidente bossa nova |
Aniversário do Nonô, o menino Juscelino, presidente Bossa Nova
Hoje
é festa na praça JK, em Diamantina. Aniversário do presidente
Juscelino, estadista de renome internacional imortalizado em nossa
memória afetiva por seus feitos em benefício do nosso Brasil. Gouveia
antes de sua emancipação pertencia a nossa co-irmã, antigo Tejuco.
Portanto podemos comemorar juntos esta data, onde anualmente se
condecoram cidadãos dignos com a insigne medalha do mérito JK.
Como
admirador confesso e estudioso da biografia deste eminente brasileiro,
anexo o documento de minha lavra, na condição de historiador, a respeito
de sua meta síntese: a construção de Brasília.
Este documento encontra-se à disposição de pesquisadores e estudantes no Memorial JK, na Capital Federal.
Nonô, o diamante Bossa Nova
“Como pode o peixe vivo
Viver fora d’água fria.
Como pode o Juscelino
Viver fora de Brasília.”
JK, o motor de uma época. Sob nova direção o Brasil
acelerava rumo à democracia e ao progresso.
Com
o frio subindo pelos pés descalços, na capistranas diamantinas o menino
Juscelino era uma encruzilhada de forças inovadoras: espírito
progressista, tenacidade, democracia, alegria, otimismo, vigor. Da união
de contrários (Dona Júlia e João César) um amálgama em forma
inteligente, um futuro presidente, de “borogodó”. Pé-de-valsa, artista
do impossível, arquiteto do Brasil grande, pai da idéia da nova Brasilis, síntese
da modernidade: plantar civilidade no planalto central. A capital com a
transparência do diamante e a leveza de uma seresta, tão ao gosto de
JK, numa alucinante gestação de 42 meses, desenhada na simplicidade do
genial Niemeyer. Tudo em ritmo de Bossa-Nova, com pitadas de otimismo,
um imenso canteiro de obras. Uma sinfonia da alvorada regida por um
maestro idealista e sorridente, seu tema: quero ser grande e “libertas”
ao “complexo de vira-latas”. Juscelino Kubitschek semeou no cerrado a
modernidade ancorada na tradição. Afinal, seu DNA plugado na
determinação e firmeza materna (do pai herdara o toque romântico)
uniu-se ao sonho, onipresente na geografia sentimental de sua
Diamantina, que se metamorfoseou na plástica Brasília. Seu design
arrojado também espelha a fusão do Barroco com o contemporâneo. Vejamos:
a catedral metropolitana, símbolo da hegemonia católica, contém traços
externos de mãos concretas, unidas em oração. No interior, anjos
barrocos suspensos e alados buscam os céus. Na rampa descendente que
mergulha em sombra, traduz a simbologia do inferno, no caminho do fiel
até a nave principal da Igreja. Sombra e luz, dor e paixão. Movimento
cadenciado pelo barroco mineiro. No Palácio da Alvorada, um registro do
Tejuco. Os arcos que o emolduram na modernidade, se sustentam na
tradição mourisca do Velho Mercado. Oscar em sua genial concretude
inverteu as aberturas e arqueou seus ângulos de curvatura descendente.
Transmutados para a geometria concretista de leitura vanguardista com os
vértices apontando o infinito. Magia, sonho, arte, técnica, ousadia,
arrojo. Um “caldo” contemporâneo temperado pela diversidade, na
universalidade do patrimônio cultural que é Brasília. Seu “parto”, em
ritmo de “frenetic dancing days” foi feito a “fórceps”. O presidente
culminava o mandato, sua “filha” mais dileta, obra prima de seu
desenvolvimentismo otimista tinha data certa para nascer: 21 de abril de
1960.
Entre
nuvens de fumaça de aviões de convidados e “fog” de poeira vermelha no
eixão do Plano Piloto e a rodoviária. “Candangos” balançando bandeirolas
verde e amarela, donas de casa, estudantes, populares. Um reboliço na
cidade que encarnava o coroamento da ideologia da prosperidade do
governo dos 50 anos em 5. Ali na rampa do Planalto, o carismático Nonô
em trajes de gala. Havia ganhado de brinde o benefício da vitória de
“Pelé e Cia”, na fria Suécia com a taça Jules Rimet, Brasil, campeão do
mundo (1958).
É
oportuno que se afirme que nem tudo é camélia no caminho de pedra do
menino diamantino. Sua imagem lendária de simpatia e sedução de homens e
mulheres, na política, foi arranhada no campo econômico, pela espiral
inflacionária incrementada por uma desatenção ao plano de estabilização
monetária e à reforma cambial. No dizer de Roberto Campos, que enfatizou
o entusiasmo juscelinista, somente ao Plano de Metas. Ocorre que este
artigo se propõe a alinhavar uma leitura e compreensão apenas sobre sua
Meta Síntese: a nova capital federal.
Todos
em mutirão, brasileiros de norte a sul comendo poeira acomodada no chão
pisoteado do Núcleo Bandeirantes ou da Taguatinga formada de tábuas,
habitada por peões e candangos da recém inagurada- sede do Governo
Federal. Transferida da beira-mar para a beira - Paranoá, uma epopéia
cadenciada por um tocador de sonhos. Fez o país mudar sua identidade
rural para urbana, com otimismo e determinação. Missão quase impossível,
tirando das letras mortas da Carta Magna de 1891, a vida pujante de uma
capital estratégica e segura no coração do Brasil.
Afirma
Lúcio Costa, criador do Plano Piloto (pássaro ou avião, atravessado em
seu peito o eixo monumental): A Novacap merece ser visitada para se
sentir sua modernidade.
Juscelino,
quando prefeito de Belo Horizonte (1940-1944), nomeado por Benedito
Valadares, foi apelidado de Prefeito Furacão pela astúcia, dinâmica e
determinação. Jovem, carismático, emergia do jaleco de médico, sua face
política. Em carreira meteórica, acelerou fundo até a cadeira de
presidente da República, conquistada nas urnas. No intervalo, foi
sagrado governador por Minas.
Na
capital das Alterosas, a obra de Oscar foi como um ensaio ou uma “fuga”
sob sua batuta registrada com sua assinatura original na Casa do Baile,
Museu de Artes, Iate Clube. Na Igrejinha de São Francisco a ousadia do
gênio jovem e dos murais de Cândido Portinari causou querela com o bispo
Dom Cabral, adiando por muitos anos a utilização daquele espaço como
templo católico.
Gosto
muito de Rosa (Guimarães), e sua neo-arquitetura das palavras,
inventando algumas, repaginando outras. Acredito que JK fez o mesmo ao
construir a concreta poesia das formas na sua Brasília “encantada,”
povoada de sonho e magia.
FERNANDO LINHARES