quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Aniversário do Nonô, o menino Juscelino, presidente Bossa Nova

Hoje é festa na praça JK, em Diamantina. Aniversário do presidente Juscelino, estadista de renome internacional imortalizado em nossa memória afetiva por seus feitos em benefício do nosso Brasil. Gouveia antes de sua emancipação pertencia a nossa co-irmã, antigo Tejuco. Portanto podemos comemorar juntos esta data, onde anualmente se condecoram cidadãos dignos com a insigne medalha do mérito JK. 
Como admirador confesso e estudioso da biografia deste eminente brasileiro, anexo o documento de minha lavra, na condição de historiador, a respeito de sua meta síntese: a construção de Brasília.
Este documento encontra-se à disposição de pesquisadores e estudantes no Memorial JK, na Capital Federal.



Nonô, o diamante Bossa Nova


“Como pode o peixe vivo
Viver fora d’água fria.
Como pode o Juscelino
Viver fora de Brasília.”




JK, o motor de uma época. Sob nova direção o Brasil
acelerava rumo à democracia e ao progresso.


Com o frio subindo pelos pés descalços, na capistranas diamantinas o menino Juscelino era uma encruzilhada de forças inovadoras: espírito progressista, tenacidade, democracia, alegria, otimismo, vigor. Da união de contrários (Dona Júlia e João César) um amálgama em forma inteligente, um futuro presidente, de “borogodó”. Pé-de-valsa, artista do impossível, arquiteto do Brasil grande, pai da idéia da nova Brasilis, síntese da modernidade: plantar civilidade no planalto central. A capital com a transparência do diamante e a leveza de uma seresta, tão ao gosto de JK, numa alucinante gestação de 42 meses, desenhada na simplicidade do genial Niemeyer. Tudo em ritmo de Bossa-Nova, com pitadas de otimismo, um imenso canteiro de obras. Uma sinfonia da alvorada regida por um maestro idealista e sorridente, seu tema: quero ser grande e “libertas” ao “complexo de vira-latas”. Juscelino Kubitschek semeou no cerrado a modernidade ancorada na tradição. Afinal, seu DNA plugado na determinação e firmeza materna (do pai herdara o toque romântico) uniu-se ao sonho, onipresente na geografia sentimental de sua Diamantina, que se metamorfoseou na plástica Brasília. Seu design arrojado também espelha a fusão do Barroco com o contemporâneo. Vejamos: a catedral metropolitana, símbolo da hegemonia católica, contém traços externos de mãos concretas, unidas em oração. No interior, anjos barrocos suspensos e alados buscam os céus. Na rampa descendente que mergulha em sombra, traduz a simbologia do inferno, no caminho do fiel até a nave principal da Igreja. Sombra e luz, dor e paixão. Movimento cadenciado pelo barroco mineiro. No Palácio da Alvorada, um registro do Tejuco. Os arcos que o emolduram na modernidade, se sustentam na tradição mourisca do Velho Mercado. Oscar em sua genial concretude inverteu as aberturas e arqueou seus ângulos de curvatura descendente. Transmutados para a geometria concretista de leitura vanguardista com os vértices apontando o infinito. Magia, sonho, arte, técnica, ousadia, arrojo. Um “caldo” contemporâneo temperado pela diversidade, na universalidade do patrimônio cultural que é Brasília. Seu “parto”, em ritmo de “frenetic dancing days” foi feito a “fórceps”. O presidente culminava o mandato, sua “filha” mais dileta, obra prima de seu desenvolvimentismo otimista tinha data certa para nascer: 21 de abril de 1960.



Entre nuvens de fumaça de aviões de convidados e “fog” de poeira vermelha no eixão do Plano Piloto e a rodoviária. “Candangos” balançando bandeirolas verde e amarela, donas de casa, estudantes, populares. Um reboliço na cidade que encarnava o coroamento da ideologia da prosperidade do governo dos 50 anos em 5. Ali na rampa do Planalto, o carismático Nonô em trajes de gala. Havia ganhado de brinde o benefício da vitória de “Pelé e Cia”, na fria Suécia com a taça Jules Rimet, Brasil, campeão do mundo (1958).
É oportuno que se afirme que nem tudo é camélia no caminho de pedra do menino diamantino. Sua imagem lendária de simpatia e sedução de homens e mulheres, na política, foi arranhada no campo econômico, pela espiral inflacionária incrementada por uma desatenção ao plano de estabilização monetária e à reforma cambial. No dizer de Roberto Campos, que enfatizou o entusiasmo juscelinista, somente ao Plano de Metas. Ocorre que este artigo se propõe a alinhavar uma leitura e compreensão apenas sobre sua Meta Síntese: a nova capital federal.
Todos em mutirão, brasileiros de norte a sul comendo poeira acomodada no chão pisoteado do Núcleo Bandeirantes ou da Taguatinga formada de tábuas, habitada por peões e candangos da recém inagurada- sede do Governo Federal. Transferida da beira-mar para a beira - Paranoá, uma epopéia cadenciada por um tocador de sonhos. Fez o país mudar sua identidade rural para urbana, com otimismo e determinação. Missão quase impossível, tirando das letras mortas da Carta Magna de 1891, a vida pujante de uma capital estratégica e segura no coração do Brasil.
Afirma Lúcio Costa, criador do Plano Piloto (pássaro ou avião, atravessado em seu peito o eixo monumental): A Novacap merece ser visitada para se sentir sua modernidade.
Juscelino, quando prefeito de Belo Horizonte (1940-1944), nomeado por Benedito Valadares, foi apelidado de Prefeito Furacão pela astúcia, dinâmica e determinação. Jovem, carismático, emergia do jaleco de médico, sua face política. Em carreira meteórica, acelerou fundo até a cadeira de presidente da República, conquistada nas urnas. No intervalo, foi sagrado governador por Minas.
Na capital das Alterosas, a obra de Oscar foi como um ensaio ou uma “fuga” sob sua batuta registrada com sua assinatura original na Casa do Baile, Museu de Artes, Iate Clube. Na Igrejinha de São Francisco a ousadia do gênio jovem e dos murais de Cândido Portinari causou querela com o bispo Dom Cabral, adiando por muitos anos a utilização daquele espaço como templo católico.
Gosto muito de Rosa (Guimarães), e sua neo-arquitetura das palavras, inventando algumas, repaginando outras. Acredito que JK fez o mesmo ao construir a concreta poesia das formas na sua Brasília “encantada,” povoada de sonho e magia.

FERNANDO LINHARES
MAIO DE 2008
GOUVEIA- MG

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