domingo, 4 de novembro de 2012

Confesso que viví esse sonho sonhado e sentido no profundo de minh'alma cativa de uma utopia de amar




                      Tropel e açoite

          Certa noite, aquela em que nossos beijos desfibrinaram qual leve chicote, a pele excitada e nos acendeu como archote, afastando o frio que insistia em congelar a entrega em domicílio e voluntária, de duas almas em estágio de reconhecimento e acasalamento... Quero lhe recordar que:
          Sombras e dúvidas desanuviaram-se, impulsionadas pelo signo do fogo que também aqueceu nossos corpos inermes, sob risco iminente de fusão. Liberando a mesma energia, contida em destemperados e frágeis vasos, a poucos passos do paraíso. O frenesi da tentação cedeu ao seu sutil e sensual apelo preliminar. O lenço branco da paz cantou vitória ante o vermelho carmim de seus lábios carnudos e a volúpia da paixão. Nada fácil transpor tão íngremes obstáculos. Você dizia para não rompermos a promessa de não fazer valer a carne. Todavia, não se continha na tarefa árdua e sem pressa de saborear o gozo da intimidade desfrutada em um simples e intenso roçar, de pele sobre pele. ”Saia justa” sobreposta em homem macho; falo ereto, respeitando a queda de seu ardente desejo. Pêlos eriçados, corações dilatados, sangue circulando como carro de Fórmula Um, alucinado. No compasso de um galope ou tropel de uma fêmea no cio e seu vigoroso corcel.
          Reconheço que extrapolo e ultrapasso o senso e a razão, mas o coração tem as suas... Desconheço aquele que ama e não se enamora dos eflúvios da lua soberana em céu coalhado de estrelas. Poesia indisfarçada, sensibilidade aflorada, romantismo exacerbado, tenho um pouco de tudo isso em mim. Folgo em saber que por seus atos, percebi que também é assim.
           Aquele seu cheiro, agridoce e seco, herança olfativa do baú de noite abençoada, guardei um pote cheio, aqui dentro. Encerrado sob cimento, selado e vedado até o momento, hibernando em caverna escondida em meu cérebro, sob pena de volatizar segredos e mistérios que a língua solta teima em falar. Calma!Mulher! Você é minha inspiração, destilação fracionada do oxigênio de todos esses últimos e intensos vívidos dias! Hoje eu abuso das licenças poéticas, nas quais é musa.
          Agora, fecho os olhos, viajo no tempo e por um hiato, um momento, mergulho em seus braços. Entre beijos, sussurros, gemidos e abraços, atinjo o pico, meu Nepal. Você é a montanha, o desafio, vento suave de um amanhecer colorido. Repito o gesto, noites a fio, alimentando a solidão, com a luz da madrugada que me extasiou com seu brilho: VOCÊ!
          Ah! Mulher! Recém descoberta, entre lençóis desfeitos, de um novo mundo. Um belo horizonte entre monte recôndito. Um navegador solitário encontra seu porto seguro. Assim desenhei no fundo da alma e agora com calma, registro qual documento cartorial. Quero perpetuar na memória, emoção e sentimento. Transmitir sob testamento firmado, esse hábil legado, a mim mesmo, usufrutuário até o limite de meu tempo, aqui, nesse planeta ainda azul.


Faladaspedras recupera a memória de uma noite singular e inesquecível pro coração sensível.
Alvorecer do ano de 2011, breve relato de um universo e seu big-bang de emoções!

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