UM NOEL
DESAFINADO
A Conferência Climática que
reuniu delegações de193 países em Copenhague está terminada, mas inconclusa. Um
acordo pífio, selado por Obama, Lula e outros líderes emergentes no apagar das
luzes do evento, ofuscou o brilho do foco na sustentabilidade planetária e
colocou na bagagem dos emissários do “time dos pobres”, na volta pra casa, uma
dose letal de frustração e tempo perdido.
Nada mais oportuno é vislumbrar
os cartazes espalhados no aeroporto da capital dinamarquesa, como recepção aos
principais dirigentes da Terra pelos ativistas das Ongs, Greenpeace e tcktcktck.
(traduzido pro nosso sentido latino, é o movimento do relógio, marcando o tempo
pro mundo acabar, tictac tictac...se nada mudar).Coragem e ousadia,acrescida da
irreverência.Um tom premonitório balizou a ação dos ambientalistas. Foi pensado
antes do começo da COP 15 e projetado para daqui onze anos. Agir agora para o
futuro acontecer e ser feliz. Nos outdoors, os eminentes gestores da mãe natureza,
Gaya, aparecem envelhecidos, naquele fatídico 2020, pedindo desculpas por não
terem evitado a catástrofe climática. Lula lá, fez parte desse seleto grupo de
notáveis, enquadrado de paletó e “bravata” em uma foto 3x4, mais parecida com a
de um lambe lambe de parque antigo.Revelada no ocaso de um Papai Noel,de volta
do futuro, deprimido,barba branquinha, cabelos bem brancos e ondas de
arrependimentos, por sobre os olhos tristes e orelhas de abano.Começo a
suspeitar que novas gerações de computadores possam escanear traços de
sensibilidade em face humana, será?
O discurso do presidente dos brasileiros
até 2010 não foi de todo vazio. Segundo analistas, perdeu a chance de mudar os
pesos na balança daquela importante reunião. Algo que é marca registrada do
“Filho do Brasil”, sua inteligência verbal, não tava usando ”pilha eveready”,
naqueles dias. Mesmo no improviso final, sua estrela piscou mais que brilhou. Será
que desejava ficar atrelado ao star, Barack, dos EUA?
Lula, você pode salvar o planeta, mas não pode
salvar sozinho. Junte-se a nós e outros ativistas como o Greenpeace e jogue a
favor do planeta. Baixe a bola, largue a equipe do primeiro mundo e passe a
jogar seu futebol nos verdes campos do nosso país. Defendendo a área da Amazônia,
saneando o time da várzea do Tietê, até mesmo a transposição das águas do São
Francisco pra refrescar a galera da ala do nordeste. Faça primeiro o dever de casa,
garoto perna de pau de Caetés de Garanhuns e amante do “soccer player”. Só que graduado
a profissional, só assim “antão”, saia por aí, vendendo idéias no gramado dos
outros.
Segundo o pacifista e por que não,
ambientalista, Ghandi, ”o cara” que derrotou a esquadra dos conquistadores ingleses,
no campeonato da independência da Índia, sem dar um tiro a gol, ”seja a mudança
que você quer ver no mundo”. E mais, Lula, largue a mão da Dilma, sem seu
carisma e fazendo corpo a corpo com você mesmo em todos os palanques, aqui ou acolá.
Quer fiasco maior, quando a “Chefa da Delegação Brasileira,” na Conferência, afirmou:
“o meio ambiente é, sem dúvida nenhuma, uma ameaça ao desenvolvimento sustentável.
E isso significa que é uma ameaça para o futuro do planeta e para os nossos países”.
Um mico desses, num cenário ecológico tão rastreado pela mídia, se agiganta e
ganha dimensão similar a um King Kong. Portanto, senhor presidente, um desabafo
de um eleitor seu que já arrepiou carreira e não “volta” mais. Sua candidata
falou besteira em outro comício na “cozinha” da casa grande Brasil. Lá na
Bahia, meu rei, de todos os temperos e terreiros, ó xente!Ela disse assim: “O
escravo foi sujeito ativo e criativo de sua própria história”. Como economista,
“foi mal” em ecologia, nas redundâncias e na história. Sabe-se que a visão
mercantilista da coroa portuguesa míope enxergava o homem escravo como uma mercadoria,
qual um muar, bovino ou um punhado de rapadura. Não havia como fazer um doce deleite
a lida do nego, ”né veio”!A moçada, em seu dialeto tribal diz: “sinistro!”. Com
o ministro Carlos Minc, do meio ambiente, Dilma divergia à luz dos flashes, no
mar do Norte, parecendo uma baleia encalhada na própria balela. Ao final, de
cara e vergonha lavadas, se deixaram entrevistar. Tudo como dantes, no quartel
do Luiz Inácio.
Lula da Silva desbravou mercados
por esse mundo vasto mundo, mais que o pioneiro navegador veneziano Marco Pólo
e mais ainda que o genovês Cristóvão Colombo. Este se inspirou na aventura de
seu patrício ousado, para chegar às Índias, circunavegando o Globo, ao
contrário da rotina à sua época. Deu no que deu: o achamento da terra de Obama.
Batizaram-na de América, em respeito ao capital investido na missão, por
subvenção de Américo Vespúcio. Começa cedo o uso da força do dinheiro. Talvez
aí a origem dos atuais propinodutos que vem branqueando e colocando de molho as
barbas de quem tem telhado de vidro. Nom é vero?
Rima bem com o republicano dos trópicos,
as barbas do imperador, do alto de seus olhos azuis e 1,90 de estatura, o
austero e autêntico “pai da pátria”, dom Pedro II. Na sua simplicidade de monarca,
governou por 49 longos anos, o Brasil que sempre amou.
O quesito comum aos dirigentes
dos dois gêneros de regime político, fica por aqui. O retrato apaixonado
esboçado pelo historiador José Murilo de Carvalho é o perfil de um homem de
valor e caráter. ”Nasci para consagrar-me às letras e às ciências”. Sua fé
republicana, o fazia crer que, se instado a escolher um cargo público, preferiria
o de presidente ou ministro ao de imperador. As circunstâncias dos tempos
modernos são outras, mas você acredita que o Lula desejaria o retorno da
família monárquica à direção do país?
O povo assistiu bestializado a
deposição do imperador que “dançou” depois de terminado o último baile na ilha
Fiscal. Entrou de gaiato no navio que o levou ao exílio,
com escala em Portugal, onde veio a falecer sua esposa
Teresa Cristina. Após dois anos, em Paris, morre aquele brasileiro, o rei e
nós, separado por um oceano de saudade.
Depositamos no fundo do mar nossa maior conquista cívica, por
não reconhecermos seu valor. Tesouro moral que em toda a juventude de 500 anos
do Brasil, empata em primeiro lugar com Getúlio Vargas, no critério de
personalidade mais influente. Dom Pedro II preconizava, àquela época, como pré
requisito na formação de um povo político,inda mais que a educação,a construção
do próprio cidadão. Quanto às esmolas aos de baixa renda, dispensava mais
recursos que proporcionalmente o programa de bolsas família, atual. Sem o
marketing da estrela vermelha, é claro!Contrário à escravatura, amargou esse
regime desumano em seu reinado por 47 anos. Gostava de viajar, mas curiosamente,
contraia empréstimos para quitar seus investimentos culturais e científicos no exterior.
Mesmo sendo monarca, nunca aceitou aumento de seus proventos, sob insistência
do parlamento. Liberou, através de suas próprias expensas, centenas de bolsas
de estudo, no Brasil e em outros centros destacados.
Enquanto o atual governo empresta
dinheiro pro FMI, o imperador D.Pedro II e
seus velhos olhos azuis estavam às voltas com o apoio às
pesquisas pioneiras do francês Louis Pasteur, antes de ser respeitado em seu país.
Ligava a mínima para as críticas, permitindo a imprensa sem censura, mesmo os
republicanos chamando-o de Pedro Banana, criticando-o por seu sono exacerbado,
provocado pelo diabetes. Sabemos que, mesmo veladamente, a censura tece sua
teia, numa democracia de fachada, sob as cortinas impregnadas de intrigas e
escândalos, nos suntuosos palácios do Planalto Central. Taí um bom exemplo de
estadista e político que, mesmo no baú empoeirado de nossa memória, nos remete
uma reflexão. Que tal repensar a nossa cidadania, no exercício do voto, agora
em 2010?
Há um magote de desonestos e
corruptos vestindo ultraje a rigor, no executivo e também legislativo. Fazendo
uma zorra lá fora, com o dinheiro do povo. Como o amigo da onça, malandro
carioca que espeta o gato do vizinho, estica o couro na cuíca. Faz farofa com a
carne do bichano, molha o bucho com a pinga, dependura a conta no boteco e vai
pra Vila Isabel cantar o samba de um Noel desafinado. Do tom que no fundo do peito
bate calado, um coração.
Frediaster mineirim
Novembro
2009, made by myself in Kobuburgo, grotão cultural, curral eleitoral,lost in
time…
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