ACORDEI COM VOCÊ AO MEU LADO
Assisti à festa da virada.
Passeei por Copacabana, Hong Kong, Sidney, Broadway. Escutei o Big Ben batendo suas
pontuais doze badaladas. Direto no meu ouvido atento, do alto da Torre do Parlamento
e suas duas Câmaras, dos Lordes e dos Comuns ingleses. Dei uma volta ao mundo
em oitenta minutos, patrocinada pela Globo e seu plim plim.Fiquei tonto de som
e luzes que invadiram minha sala, sem mestre e sem cerimônia.Permaneci de mãos dadas ao planeta azul.Parecendo até,
que em suas revoluções rotineiras, se lembrou que eu existo.Senti que mesmo solitário,não
estava sozinho. Pra falar a verdade,em alguns lugares cheguei mais cedo e da
poltrona
recebi com meus sensores ligados,o show antecipado.Devido ao
confuso horário,vindo bem de lá,do lado de lá do mundo.Tudo por culpa dessa
agitada redondinha,nossa Mãe Terrinha.Tão agredida por sua obra
prima,nós,machos e fêmeas primatas,desumanos
por pirraça.
Não sei se
você sabe, Copacabana quer dizer em quéchua: lugar luminoso (língua
falada pelo sábio povo Inca). Também, pondera! O local original donde se copiou
é à beira do lago mais alto do planeta. Titicaca é seu nome. De águas transparentes,
a quase quatro mil metros. Onde os aimarás criam trutas, andam em barco feito
de totoras de junco. Constroem suas moradias plantadas em ilhas flutuantes, com
o mesmo vegetal, como um xaxim gigante. Acreditam que o primeiro raio de sol do
novo ano fertiliza a Pacha Mama (Mãe Terra) e permite fartura na colheita futura.
Tudo isso, num lugar frio e respiração sem pressa. Bem próximo dos nevados
eternos dos Andes. Luz e cor, brancas, pra ninguém colocar defeito.
Com efeito, especial é o bairro mais
famoso no mundo, de toda a orla do Rio que também é Janeiro. Comemora a passagem
de ano de uma maneira singular. São colocados em plataforma segura e distante,
no mar da baía de Guanabara, em balsas como ilhas, os fogos de artifício. À
meia noite é dado o início ao show pirotécnico espetacular, zerando o passado. O
ano que acabou ficou velho. Deu lugar ao novo, entre luz e fogo. Na terra, no
ar, na água. A vida reciclada entre os quatro elementos, componentes da gênese,
de toda aquela multidão presente na praia charmosa. Extasiada, trajando branco
e luz, perambulam como vaga lumes. Velas e flores nas mãos de pirilampos
humanos de olhos focados nos quinze minutos iluminados de glória, entre sons e
imagens desenhadas nos céus de Copacabana. Da calçada caminham até a beira mar,
brasileiro, estrangeiro, negra, branca, mulata. Deixam ofertas e prendas, perfume,
bijuteria para a rainha Janaína ou Iemanjá. Naquele lugar luminoso, aquele
endereço famoso, a miscigenação de raças e o sincretismo religioso, tomam banho
de pipoca, saltam sete ondas, oferecem todo tipo de comida em honra da entidade
que é na fé católica, Nossa Senhora dos Navegantes. Pedindo sorte, saúde e vida,
no ano que acabou de nascer. A explicação dessa confusa mistura de crenças fica
pra depois. O negro e escravo vindo da Mãe África, precisou dar um jeito de
afastar o” banzo”.Se ligar nas raízes ancestrais e fugir da chibata do feitor, por não saber
lidar com a religião imposta do seu senhor.
Bem antes
dessas explicações que acaba de ler e bem depois da zorra na madrugada agitada
da virada que vi na tevê “despluguei-me” e dormi.
Amanheci o primeiro dia de um
feliz ano novo que espero ser o ano todo, amém! Acordei com você ao meu lado
esquerdo do peito. Sensação prazerosa.
O que senti primeiro de você foram
seus olhos, tudo jóia! O sorriso cristalino rima com o brilho das janelas de
sua alma e não costuma fugir de sua face. Os cabelos volumosos o suficiente
para realçar a beleza de seu rosto. Percebi um perfume feminino de suave bouquet.
Aroma das flores no quintal? Ou memória olfativa de um coração que bate de
saudade? Na moral, pra quem não bebeu, tava de bom tamanho. Não estava sonhando.
Não tenho vergonha de dizer que amo você. Não tive dúvidas, fui lá fora e colhi
dúzias de palmas pra quem eu quero muito e bem. Com o privilégio de quem as tem,
a um palmo de minha vontade. Quem planta flores, a colher vem. Estas em especial,
pois sua florada exuberante é anual.
No dia um de um mês primeiro eu colhi de dentro,
o melhor, para que saiba através do que lhe escrevo, o quanto é importante pra mim.
Expressar sentimento nobre é catarse positiva. Praticar o amor, nesse patamar é
cura pro corpo e espírito.
Agora que sabe a musa que me inspirou,
no alvorecer do primeiro de janeiro,
saiba também que essas mãos que escrevem e lhe tocam o
coração,nunca lhe deu
palma das que não sejam flores, como lírios brancos em seus
trajes galantes.Bater é o reverso da pedagogia
na melhor raça de humanos.
Vou remeter por seu irmão vinte e
cinco palmas que florescem agora. Que permaneça na sua alma o aroma e frescor
até outro dia. Primeiro de junho desse ano de dois mil e que seja dez, na sua
vida e na academia. Sei que lutou muito, enfrentou desafios até a superação. Continue,
persevere e chegará ao objetivo almejado. Nunca desista de seus sonhos.
Seja feliz, saúde e boa sorte, minha
única flor de Liz. Vá colher da terra que adubou em noites insones, a salva de
palmas brancas. Entre luzes claras e ritmos
suaves,o compasso da vitória.Criança crescida em um mar de montanhas das
Gerais,gerada e nascida à beira da praia,em Vitória do Espírito Santo,a
medicina lhe acolhe,como uma sábia mãe aconchega sua filha dileta.Mariana, um
até breve e um axé longo pra 2011.
Seu pai,
Frediaster Mineirim
01/01/2010
Gouveia
O que senti primeiro de você foram
seus olhos, tudo jóia! O sorriso cristalino rima com o brilho das janelas de
sua alma e não costuma fugir de sua face. Os cabelos volumosos o suficiente
para realçar a beleza de seu rosto... De um pai xonado.

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