sexta-feira, 4 de outubro de 2013

DANÇANDO AO SOM DA ORQUESTRA COM PALETÓ EMPRESTADO FORA DE MODA E FOLGADO





DANÇANDO AO SOM DA ORQUESTRA
COM PALETÓ EMPRESTADO
FORA DE MODA E FOLGADO



Kibon, gente! Não é sorvete é doce deleite, 
eu perceber que sei ser sobrevivente, a sismos internos.
Estes acionaram em remoto passado, algumas placas tectônicas.
Estas deslocaram a água sobrejacente e assim se sucedeu.
Pequenas tsunamis afloraram, profundamente abalaram o cerne e
o senso deste simples ser aprendiz,
a burilar pedra bruta que sou.

O Mestre Tempo lapidou essa alcunha, Fernando das Pedras.
Nesse burgo onde sobrevivo. Pela boca do povo com quem me envolvo.
Pra bem da verdade, fico mais à vontade, falando ou escrevendo.
Guiar uma chusma de palavras até o final feliz de um texto
é algo comparado a uma matilha de cães de caça
que persegue até entocar,
uma arredia raposa num beco emparedado.
É mais fácil pra mim que o arar do solo árido de coração sertanejo.
Os trabalhadores com quem lido, massa bruta onde, às vezes garimpo ouro
são rudes desconfiados, ariscos... Sou tolo, falante, ingênuo.
Um pouco de Dom Quixote, sem a pança do Sancho e
muito menos, a elegância finória de um Rasputim tropical.
Multifacetado, como um cristal bruto, venho soltando lascas em meu lapidar.
Sou determinado, irradio esperança por todos os poros.
Mas, mesmo sendo uma esponja de otimismo,
algumas vezes broxo...
Ante o populacho com quem me meto.
É foda!...

Tenho a sensação que estou deslocado,
no tempo e desacomodado no espaço.
Cooperativa, união, dignidade, educação...
Iniciativas vãs!

Palavras e mais ainda; ações dispersas, soltas ao vento!
Dom Quixote, não combatia moinhos?
Persigo minhas ideias, edifico meus sonhos.
Marco com amor, os passos que dou no caminho das pedras.
Desse modo, o universo conspira a favor.
Mahatma Gandhi, Marthin Luther King, Nélson Mandela,
pequenos grandes homens, expoentes sonhadores.

Neste mar de montanhas, entre vagas petrificadas que invadem qual turba amotinada,
o cenário do cerrado, ou ainda o coração de algum vivente,
sou como náufrago, agarrado a uma ideia.
Quero chegar a um porto seguro, assim como Bandeira
foi para Pasárgada (“lá, sou amigo do rei”...).
Ex -futuro engenheiro, meu orgulho foi pras Cucuias, foi pro Beleléu!
Trinta e três anos e muitas ondas, se passaram, até Tsunamis cruzei.
Nessa ilha mediterrânea, de terras raras de solidariedade,
cercada de inveja, ciúme e soberba por todos os lados, pedreiro me tornei.
Laborando a minha própria pedra, construindo o homem.
Obra inacabada, é claro! Certa vaidade, ainda manifesta:
As pirâmides de Quéops, também se erigiram por mãos de mesma tarefa.

Como empreendedor, falhei!
Semeador que espalha sêmen no lapeiro, não prospera seu germinar.
Difícil, levantar a autoestima de quem carrega o estigma, de até hoje sentir-se escravo.
Pior, cativo e acorrentado à sua própria convicção.
Pais de família, no trabalho sazonal em São Paulo,
cortando seus corpos, derramando suor e sangue na lida do canavial.
Sobreviventes, amontoados em favelas qual gado tangido em curral.
Agora, em Minas, “tirando leite das pedras”, vizinhas de sua morada.
Vendo crescer seus filhos, unidos, extraindo seu sustento.
Ganhando o equivalente, ou mais de dois mínimos salários.
Sem a inserção social exigida em uma grande capital.
Como ex patrão, recebia, dez por cento de sua produção em minha terra.
Ao ex empregado, noventa por cento era sua parcela.
Existe algo parecido, nesse capitalismo selvagem deste país?
Este Brasil que insiste em não mostrar a sua cara?

Outro desvio eu tive desde o princípio.
Minha bússola emotiva apontou seu Norte e aí,
entrei de gaiato num navio, sem saber o destino.
Explico melhor: No início, por solidariedade a um amigo de 65 anos à época,
velho Grimaldo, romântico e sonhador também.
Não tinha eu, a exata tradução do que iria enfrentar naqueles meus vinte e oito anos.
Desconhecia a totalidade de minha tarefa, para as próximas três décadas de vida.
Santa ignorância! Quanta ilusão, tamanha ousadia.
Deixo claro que ainda esbarro com essas três “sinistras senhoras”,
em alguma esquina do labirinto construído por dentro de mim.
Inda agora, na maneira de ser comerciante, sou anacrônico!
Parece que fui intimado a uma festa,
onde os frequentadores usam “black-tie”,
ou, assim o traje fino, também seu esporte!
Bebendo a corrupção, em gole de uísque destilado.
Ao contrário, por outro lado, não trago!

Nessa piração, a fantasia que me veste é um simplório paletó emprestado,
fora de moda e folgado ao meu molde.
Neste cenário, estou dançando na chuva, na pele de um “frediaster mineiro”.
Sem ritmo, sem harmonia, sem ginga, sem sua “gringa”, Ginger!
Sou destoante com meu instrumento, som dissonante da orquestra.
Vozes intestinas fazem eco, com o americano Sinatra e o tom brasileiro de Jobim,
me pego cantando sem jeito, o Desafinado, com eles e só pra mim.

Sem amargura coloquei meu bloco na rua,
dançando naquela chuva de pedra que dura há décadas.
É meu cativeiro, meu eterno leito, quem sabe?
Esse mar de montanha, esta terra imensa,
sesmaria abundante de rocha e solo frágil,
da forte amazona portuguesa, Maria Gouveia.

By,
Faladaspedras & frediaster mineirim
From,
Kobuburgo, no dia que se reverencia, o jovem Francisco, da nobreza medieval de Assis. Aquele que se desnudou de posses materiais e passou a conviver com animais e leprosos.
Sua amorosa relação com a Mãe Natureza o elevou, no contemporâneo, a patrono dos animais e do meio ambiente.

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