sábado, 11 de maio de 2013

CANÇÃO PRA MARINA SORRIR PRA MIM



QUATRO MÃOS, UMA SÓ CANÇÃO, MARINA


Mão, de cabelos brancos toca uma rosa amarela que se abriu. É Marina – flor recolhida em algum monastério e seu jardim. Lá na Itália. É a “vecchia mamma”, dos oito irmãos. É a saudade que toca meu peito. É a mana Eliana que toca nas teclas de seu piano de ébano e marfim. Tom e semitom, ensinando que: juntos somos mais que um.



Luz do sol, acalentando o verde lá fora. Flores, diferentes matizes. Girassóis na janela. Vidro jateado, filtra a claridade, como véu. Tulipas em amarelo. Lembrei-me de Van Gogh e de Amsterdam. As tulipas em quadro. Girassol plastificado. Natural ou não, o foco tem equilíbrio nas cores. À porta, na parede esquerda da torre vestida de pedra, uma aparente folhagem fossilizada. Os passarinhos inundam de seu canto o espaço musical que meu ouvido alcança.
Na moldura sobre o piano, uma graciosa foto de um tempo passado. Mão, de cabelos brancos toca uma rosa amarela que se abriu. É Marina – flor recolhida em algum monastério e seu jardim. Lá na Itália. É a “vecchia mamma”, dos oito irmãos. É a saudade que toca meu peito. É a mana Eliana que toca nas teclas de seu piano de ébano e marfim. Tom e semitom, ensinando que: juntos somos mais que um. Harmonioso som ressonante, vibra em mim. A irmã bem dotada tira do teclado - “A noite de meu bem”. Marina gostava de cantar – esta em especial. Eliana vestida de branco e preto. Sua blusa em pois, repete a parceria do teclado de noir e claro. Contou-me que mamãe usara esta mesma blusa, que agora veste. Seu corpo, centrado sob o ritmo da melodia, que flui como regato entre pedras e mato.
Precisa nem dizer que escrevo com os olhos marejados. Quero registrar uma fotografia deste momento, neste foco, com a luz do meu coração irmão. Quero fazer “doble” de mãos se afagando ( como Marina dizia ). Quem sabe em duo canto – será que pode? Eu com a caneta qual batuta. Eliana unida no mesmo movimento, em seu dom e com seu tom de musicista.
No retrato de moldura por sobre o instrumento musical – Marina sorri com singeleza. Defronte, o Realino alarga o sorriso de menino. Seguro o cavaquinho – certo ar europeu – será pela boina? Seu olhar envia e-mail afetuoso para a mulher de sua vida. Mixagem de amor mais profundo ( demorei a entender seu jeito de amar ) e paz de criança dormindo.
Acredito sim, inda vivem em mim. Acredito sim, em meus irmãos também. Enquanto a mão faz o toque do dó-ré-mi, a mana sensível diz, no embalo da música, que esta muito lhe toca. Percebi, quando luz diáfana em seu entorno aumentava o perímetro do corpo. A cabeça e as costas se inclinaram. Certo clima de embevecimento impregnou a sala. Invisível mão no queixo, em êxtase pela música e ao momento singular! É certo que é dia, mas estou enxergando com a lente da alma. Amplia a visão, é sexto sentido, é emoção.
Marina, na percepção de uma neta poeta, é a primeira estrela que vier ao nosso pensamento. Eternizada, assim como seu par. Hoje eu sei – este bem demorou a chegar – pra mim é claro! Sei que terei no olhar toda a ternura que quero dar. De dia ou à noite, de meu bem. Por que hoje eu sei que vou te amar. Por toda a minha vida eu vou te amar, Marina.


  O menino Realino e seu cavaquinho. Seu olhar envia e-mail afetuoso para a mulher de sua vida. Mixagem de amor mais profundo ( demorei a entender seu jeito de amar ) e paz de criança dormindo.


PS -Precisa ser registrado que esta homenagem foi lapidada a quatro mãos – Eliana e Fernando. Dois sensíveis seres irmãos. Repartindo um dom, comungando sentimento como criança, ainda em fase de crescimento.

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