Conhecido como o Muro de Berlim e construído pelo bloco socialista da República Democrática Oriental simpatizante do regime totalitário da URSS, em confronto ao bloco capitalista capitaneado pelos Estados Unidos e seus aliados vencedores da segunda Guerra Mundial.
A partir de 13 de Agosto de 1961 e ao longo de de 28 anos a Cortina de Ferro, dividia Berlim e apartava famílias fronteiriças do Bloco Leste e da Alemanha Ocidental.
A derrubada do Muro em 9 de Novembro de 1989 marca a reunificação das duas Alemanha, o fim da Guerra Fria e do mundo bipolar protagonizado pela duas potências: EUA e URSS.
Na qualidade de historiador procurei contextualizar esse marcante fato de repercussão mundial de uma maneira que instigue um estudante secundarista a uma leitura mais reflexiva e menos bitolada por datações áridas e desconexas e que fomente a compreensão e não somente o decorar textos insossos e enfadonha.
The Wall
Imagine,
no curto espaço de
um tempo de guerra ,uma cidade vive no limite, entre o céu e o inferno.
No principio era o
jardim do Éden. Uma luz impressionista matizava amplas praças arborizadas,
largas e longas avenidas, prédios elegantes trajando neoclássico em suas
arquiteturas. Museus em quantidade e qualidade, teatros para todos os gostos e
bolsos. É o fausto refletido na capital, espelho de um império que decretou
para si, mil anos de prazo de validade.
Imagine,
um tirano fala na
tribuna de honra do estádio monumental.Construído para ostentar a magnitude de seu poder e
humilhar os concorrentes nas olimpíadas ali sediadas.
Seu discurso: Falo
de um mundo sem fronteiras...
Imagine,
o mesmo ator ateu
e pintor dita à toa, a dor das minorias marginais. Dos estrangeiros, negros,
homossexuais.
Adolf Hitler é sua
assinatura. Codinome “fúria”. Façanha maior-o Holocausto.
Outra insígnia do führer:
ditador dos judeus.
A mais sórdida sacanagem,
a fala:- eu falo de um mundo sem fronteiras. É apenas um estimulante oral para
aguçar o apetite expansionista do kaiser e sua trupe ariana.
Fim de guerra, fim
da linha, fim de papo. Seu império foi pro saco. Putz!
No ultimo capitulo,
Hitler se mata. Antes, porém, leva sua Eva e a galera do seu estado maior a
seguir o comandante nessa onda de nóia. ”Convida-os” a entrar de gaiato na
fortaleza de concreto e aço, no sub-nível da cidade que virou inferno. Naufragam
juntos, em suicídio coletivo. Todos, vítimas do veneno corrosivo do orgulho. De
não morrer nas mãos dos inimigos, os aliados.
Imagine,
não é fácil eu
sei,mas tente outra vez.Procure entender por que nações de diferentes
ideologias,cada uma no seu quadrado,dominam aquela cidade sem
fronteiras ainda, mas
arrasada pela adversidade, palco de atrocidades, cenário de um filme real cujo roteiro foi
adaptado na mesma “ghost city”.
Teatro do absurdo
montado entre o fausto e a grande queda. No curto espaço de um tempo de guerra.
Imagine,
é tempo ainda.
Acreditando que o mundo em que vive será um só, o povo sonhador, dá uma chance à
paz. Essa é a “citizen” depois das cinzas. Muito
prazer!Meu
nome é Berlim!Uma fênix querendo renascer.
Ilusion,
pois o que brotou
daquela terra árida,depois de uma longa gestação,foi um muro!Na sua concretude
de muralha medieval, não deixa vazar doutro lado, um átomo de abstração
libertária.
Nasceu à fórceps,
com o uso de instrumentos totalitários a serviço do poder russo que dominava
com mãos de ferro, o lado oriental da Berlim loteada entre quatro aliados.
Seu crescimento
rápido se deve à maciça injeção de propaganda comunista.
Que,aludindo ao vento
reformista e capitalista, acusava-o da
responsabilidade em fecundar ouvidos orientais.
Sufocar sutis ideias
capitalistas do oeste berlinense é o mote para a ereção do muro... Concreto de
ferro e argamassa molhada em sangue, suor e lágrima.
Surreal,
Berlim agora
respira um ar bipolar. O pulmão da direita, capitalista, divorciou-se de seu
aliado - O comunista da esquerda.
Esse metabolismo monstruoso,
infiltrado no tecido social, promete asfixiar o cidadão. A Praga tcheca de Franz
invade a cidade cinza deprê... É a metamorfose kafkaniana. Apenas mais um
tijolo surreal, na parede que esquarteja gente. Separando famílias, desunindo casais,
desconstruindo sonhos. Derriça igrejas e seus pupilos, sinagogas e seus dogmas.
Por ocupação de espaço errado na hora errada, simples assim. Seguindo a mente
doente de quem, julgando-se a própria lei, impôs a linha divisória maluca que
aliena ideologias.
Tijolo por tijolo,
o muro fuzilou a esperança!Ainda que tardia, fez a sepultura dela, no coração
dos apartados, sem dó!
Oh, Berlim!Vida e
morte severina,triste sina!Os sinos por ti dobram. Fazem eco do Réquiem, de
Amadeus Mozart. Música no compasso de funeral, com dó maior!
Happening,
Quem sabe faz a
hora.Aconteceu um dia, vinte anos.Aquele muro ruiu!
O Portão de Brandemburgo,
ícone da unificação e da prosperidade alemã, espécie de arco do triunfo. No passado,
uma ponte dialogando com os dois lados da cidade. Memória de grandes vitórias, o
brilho da nação germânica. Virou extensão do paredão blindado, após anos de chumbo.
A parede opaca dividia vida e multiplicava morte, pois que, coração enfartado
por mãos de ferro traz a treva à terra dos injustiçados.
Apesar da noite
que assusta, o novo tempo foi acordado com gritos e sussurros de manifestantes
apinhados em cima do muro. Alguns até dançam.
Não há dúvida! Quem estava lá viu!
A força da união
enlaçou a turba amontoada na praça, nas ruas, quebrando as algemas. Como gado tangido
e ferido em suas entranhas, mas marcado para sobreviver, A multidão foi à luta,
apesar dos castigos da força mais bruta. No novo tempo a gente se encontra
cantando na praça e apesar dos perigos, fazendo pirraça. Esperar não é saber, pois
nem sempre a espera é feliz. Assim, o povo caminhando e cantando, todos iguais,
braços dados ou não. Acreditam nas flores vencendo o canhão. Há soldados armados.
Amados ou não, quase todos perdidos de arma na mão. Apesar do perigo, venceram o
inimigo, armados
da paz.E o inimigo mora ao lado...
O Bial da Globo,emocionado,
deu o tom do concerto de vozes da liberdade:
o muro caiu!
Pelas mãos agitadas
de muitos maestros, a orquestra de pedreiros improvisada, exorciza os demônios
da parede sinistra. Usa instrumentos de diversos naipes. Picareta, martelo, alavanca,
marreta. O som também derruba muralhas. A palavra é ferramenta e jazida fértil
na construção do pensamento. A grande sacada é como saber usa-la. O sonho, da
mesma forma, é ótimo combustível para a transformação.
A roda do tempo
ajustou sua engrenagem, Depois que o muro caiu, o Portão de Brandemburgo abriu
as comportas que represavam as águas da liberdade. Voltou a ser a ponte que
dialoga com os dois lados da cidade. Arco do triunfo da vontade do povo. Admirável
gado novo que mesmo ferido, nunca desiste de seu sonho. Apesar da noite escura,
luta para sobreviver.
Um efeito dominó
varreu o continente. Com direito a up-grade da democracia. A Alemanha ficou una,
”foi pro espaço” a União Soviética. Implodida, junto aos países satélites que se
tornaram independentes.
.O mundo bipolar
sifu...! Deu no artista Ronald Reagan e no carismático Mikhail Gorbatchev um
insight genial: puseram a quatro mãos uma pá de cal neste grave incidente entre
Rússia e Estados Unidos, conhecido como Guerra Fria. De quebra, botaram uma
pedra na boca do dragão:a desativação das plataformas de mísseis com ogivas
nucleares e poder de fogo para destruir a terra três vezes. Como se isso fosse
possível!O bicho homem tem mania de grandeza até para construir o mal. Exagerado..!
Souvenir,
A travessia do
paredão funesto, significava para o morador do lado leste, um salto para um
porto seguro. Contudo, mais de uma centena de ousados odisseus, arriscando a
vida nas asas da liberdade, alcançaram a morte!
Absurd,
Poucos sabem, mas
o aprimoramento da segurança, a primazia em evitar evasão levou os soviéticos a
construir, não só um e sim dois muros. Separados entre si, por uma extensa área,
contendo cerca de arame farpado, barreira, fosso, alambrado, campo minado. Os
guardas armados tinham licença para matar qualquer suspeito de pular a cerca,
literalmente!.Deu
pra perceber que o buraco é mais embaixo. A nóia do princípio da história, esta
presente aqui. E mais, postadas bem alto, estratégicas guaritas, no intuito de
privar dos orientais o direito de ir e vir até o lado ocidental. Parece mais
uma planta de presídio de segurança máxima brasileira. Insensatez!
Esta chaga aberta
no peito de Berlim, deu metástase. O câncer veloz e voraz se espalhava em linha,
por cento e cinqüenta quilômetros, costurada a ferro e fogo. Detalhe: isto em
tempo de paz! A grande guerra acabara há mais de vinte anos, Daí se afirmar que
o homem é o lobo do homem. Pasme!
Ainda hoje a alma
do berlinense dói, e muito! As cicatrizes fecham em si, arquivos pesados e
terríveis!Recordando um passado que insiste em ser lembrado. O muro jaz desintegrado.
Quanto às barreiras,
foram derrubadas?
Os do oriente
estão irmanados aos alemães ocidentais?
Não são as
respostas e sim as perguntas que alimentam o espírito e fomentam nossa evolução
enquanto humanidade.
Apartheid,
A cortina de ferro,
em sua esquizofrenia geopolítica segregava em gueto, brancos, anglo saxões,
doces bárbaros germânicos. A proibição de deixar o país é um confinamento castrador,
semelhante ao que os nazistas impuseram aos judeus, restringindo a liberdade individual,
econômica e social.
Curiosamente, esse
apartheid singular é um similar grosseiro, do genérico e original em Soweto, na
capital Cabo, África do Sul.
Mesmo depois da
abertura da cortina, as sequelas da doença social perduram. Existem rixas, veladas
ou não, entre os ossi, do leste e os wessis,
ocidentais .Grupos
de neonazistas jovens,perseguem negros,turcos e
homossexuais.Professores,pais,não querem reviver essa mancha em sua história.Os
alunos sequer lembram quem mandou construir a separação.
É preciso derrubar
o muro, na cabeça do ser humano. É preciso saber viver...
Brazil,
País tropical, abençoado
por Deus, com certeza! E bonito por natureza, que beleza!
Não tem guerra. Bem,
a do Paraguai, foi há muito tempo e a do narcotráfico taí pra ninguém reclamar.
Preso é quem comanda e manda matar.
Não tem
preconceito de raça. Bom, é melhor não dizer nada...
Não teve o Hitler,
nem sua polícia secreta, a Gestapo. Aguarde o próximo capítulo...
Getúlio Vargas deu de presente, pelas mãos
vingativas de Filinto Müller, a jovem militante socialista alemã e pior, judia,
Olga Benario, ao Führer. Foi extraditada pela Gestapo grávida de sete meses, um
agravante nas leis internacionais de navegação. Teve sua filha na prisão em Berlim. Após, foi a
óbito na câmara de gás, em um campo de concentração. Essa ignomínia perpetrada
pelo ditador gaúcho, foi motivada por simpatia ao fascismo e birra dos
patrícios comunistas. Destaque especial para o Cavaleiro da Esperança, Luiz
Carlos Prestes, companheiro de Olga.
O regime nazista
não fez sucesso aqui, em compensação, suor e sangue foram eliminados por duas
gordas ditaduras: a de Vargas e sua sócia em espoliar a liberdade-a “revolução”
dos militares. Simultâneo, à leva de pracinhas da FEB em campos da Itália para
lutar contra a ditadura fascista.
no time dos aliados.A
raposa estrategista Getúlio Vargas,o “Pai dos Pobres e Mãe dos Ricos”, com sua
mão esquerda, tomava chimarrão e a direita ,lhe servia à administração
de seu regime de exceção, made in Brazil!
Pergunto a você: BERLIM É AQUI?...
Pergunto a você: BERLIM É AQUI?...
“Contar é muito dificultoso, não pelos anos que se já passaram, mas pela
astúcia que tem certas coisas passadas”. GUIMARÃES ROSA-médico e diplomata em Baden Baden e
Hamburgo, Alemanha.
Conclusion,
a
humanidade só evolui, reconstruindo o passado.Não basta recordar,é preciso
mudança de paradigmas.É necessário buscar novos horizontes.
Aprender também é preciso,
com nossos erros e dos outros, aqui ou alhures.
Desde que se dê
uma chance à paz, pode sim, fazer a diferença em nossa coexistência. E o mundo
será um só, não somente na canção do poeta John.
Evitar construir
fosso de isolamento, muro de intolerância. Olhar o outro do alto de guaritas de
segurança do nosso ponto de vista, é miopia mental.
Palavra farpada é
barreira montada em defesa de atitude conservadora e preconceituosa.
Deixar de
alimentar o muro interno. Egoísmo exacerbado é seu nutriente, blinda a
percepção do eu, não deixa enxergar o nosso brilho.
Desestimular a
luta do lado dark, depressivo, que só vê defeito, dificuldade em si.
Muitas vezes, esse
lado escuro, não permite a luz do sol entrar.
Detonar o muro
criado dentro de nós é um princípio de liberdade.
Depende de nós,
unicamente. Sair do inferno e no curto espaço de um tempo
de vida, chegar ao céu. IMAGINE...!
“Ser feliz é reconhecer que vale a
pena viver, apesar
de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de
ser vítima dos problemas e se tornar autor da própria história.”
Fernando Pessoa, poeta português.
20 de novembro de 2009
DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA
Sugestão: Deixar
de ser um dia cravado no pé do calendário e passar a ser durante o ano todo, um
jardim da infância da convivência cidadã, onde possamos permutar flores da
experiência de cada um.
Permitir-nos,
construir uma ponte para dialogar com o outro. Como a criança que dá sua mão,
despreocupada com a cor da pele, da mão que a une à roda de ciranda. Sem medo
de ser feliz. Ser criança é simples assim...
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