segunda-feira, 25 de novembro de 2013

THE WALL



Conhecido como o Muro de Berlim e construído pelo bloco socialista da República Democrática Oriental simpatizante do regime totalitário da URSS, em confronto ao bloco capitalista  capitaneado pelos Estados Unidos e seus aliados vencedores da segunda Guerra Mundial.
A partir de 13 de Agosto de 1961 e ao longo de de 28 anos a Cortina de Ferro, dividia Berlim e apartava famílias fronteiriças do Bloco Leste e da Alemanha Ocidental.
A derrubada do Muro em 9 de Novembro de 1989 marca a reunificação das duas Alemanha, o fim da Guerra Fria e do mundo bipolar protagonizado pela duas potências: EUA e URSS.
Na qualidade de historiador procurei contextualizar esse marcante fato  de repercussão mundial de uma maneira que instigue um estudante secundarista a uma leitura mais reflexiva e menos bitolada por datações áridas e desconexas e que fomente a compreensão e não somente o decorar textos insossos e enfadonha.


The Wall

Imagine,
no curto espaço de um tempo de guerra ,uma cidade vive no limite, entre o céu e o inferno.
No principio era o jardim do Éden. Uma luz impressionista matizava amplas praças arborizadas, largas e longas avenidas, prédios elegantes trajando neoclássico em suas arquiteturas. Museus em quantidade e qualidade, teatros para todos os gostos e bolsos. É o fausto refletido na capital, espelho de um império que decretou para si, mil anos de prazo de validade.
Imagine,
um tirano fala na tribuna de honra do estádio monumental.Construído  para ostentar a magnitude de seu poder e humilhar os concorrentes nas olimpíadas ali sediadas.
Seu discurso: Falo de um mundo sem fronteiras...
Imagine,
o mesmo ator ateu e pintor dita à toa, a dor das minorias marginais. Dos estrangeiros, negros, homossexuais.
Adolf Hitler é sua assinatura. Codinome “fúria”. Façanha maior-o Holocausto.
Outra insígnia do führer: ditador dos judeus.
A mais sórdida sacanagem, a fala:- eu falo de um mundo sem fronteiras. É apenas um estimulante oral para aguçar o apetite expansionista do kaiser e sua trupe ariana.
Fim de guerra, fim da linha, fim de papo. Seu império foi pro saco. Putz!
No ultimo capitulo, Hitler se mata. Antes, porém, leva sua Eva e a galera do seu estado maior a seguir o comandante nessa onda de nóia. ”Convida-os” a entrar de gaiato na fortaleza de concreto e aço, no sub-nível da cidade que virou inferno. Naufragam juntos, em suicídio coletivo. Todos, vítimas do veneno corrosivo do orgulho. De não morrer nas mãos dos inimigos, os aliados.
Imagine,
não é fácil eu sei,mas tente outra vez.Procure entender por que nações de diferentes ideologias,cada uma no seu quadrado,dominam aquela cidade sem
fronteiras ainda, mas arrasada pela adversidade, palco de atrocidades,  cenário de um filme real cujo roteiro foi adaptado na mesma “ghost city”.
Teatro do absurdo montado entre o fausto e a grande queda. No curto espaço de um tempo de guerra.
 Imagine,
 é tempo ainda. Acreditando que o mundo em que vive será um só, o povo sonhador, dá uma chance à paz. Essa é a “citizen” depois das cinzas. Muito
prazer!Meu nome é Berlim!Uma fênix querendo renascer.
Ilusion,
pois o que brotou daquela terra árida,depois de uma longa gestação,foi um muro!Na sua concretude de muralha medieval, não deixa vazar doutro lado, um átomo de abstração libertária.
Nasceu à fórceps, com o uso de instrumentos totalitários a serviço do poder russo que dominava com mãos de ferro, o lado oriental da Berlim loteada entre quatro aliados.
Seu crescimento rápido se deve à maciça injeção de propaganda comunista.
Que,aludindo ao vento reformista e capitalista, acusava-o   da responsabilidade em fecundar ouvidos orientais.
Sufocar sutis ideias capitalistas do oeste berlinense é o mote para a ereção do muro... Concreto de ferro e argamassa molhada em sangue, suor e lágrima.
Surreal,
Berlim agora respira um ar bipolar. O pulmão da direita, capitalista, divorciou-se de seu aliado - O comunista da esquerda.
Esse metabolismo monstruoso, infiltrado no tecido social, promete asfixiar o cidadão. A Praga tcheca de Franz invade a cidade cinza deprê... É a metamorfose kafkaniana. Apenas mais um tijolo surreal, na parede que esquarteja gente. Separando famílias, desunindo casais, desconstruindo sonhos. Derriça igrejas e seus pupilos, sinagogas e seus dogmas. Por ocupação de espaço errado na hora errada, simples assim. Seguindo a mente doente de quem, julgando-se a própria lei, impôs a linha divisória maluca que aliena ideologias.
Tijolo por tijolo, o muro fuzilou a esperança!Ainda que tardia, fez a sepultura dela, no coração dos apartados, sem dó!
Oh, Berlim!Vida e morte severina,triste sina!Os sinos por ti dobram. Fazem eco do Réquiem, de Amadeus Mozart. Música no compasso de funeral, com dó maior!

 Happening,
Quem sabe faz a hora.Aconteceu um dia, vinte anos.Aquele muro ruiu!
O Portão de Brandemburgo, ícone da unificação e da prosperidade alemã, espécie de arco do triunfo. No passado, uma ponte dialogando com os dois lados da cidade. Memória de grandes vitórias, o brilho da nação germânica. Virou extensão do paredão blindado, após anos de chumbo. A parede opaca dividia vida e multiplicava morte, pois que, coração enfartado por mãos de ferro traz a treva à terra dos injustiçados.
Apesar da noite que assusta, o novo tempo foi acordado com gritos e sussurros de manifestantes apinhados em cima do muro. Alguns até dançam.
 Não há dúvida! Quem estava lá viu!
A força da união enlaçou a turba amontoada na praça, nas ruas, quebrando as algemas. Como gado tangido e ferido em suas entranhas, mas marcado para sobreviver, A multidão foi à luta, apesar dos castigos da força mais bruta. No novo tempo a gente se encontra cantando na praça e apesar dos perigos, fazendo pirraça. Esperar não é saber, pois nem sempre a espera é feliz. Assim, o povo caminhando e cantando, todos iguais, braços dados ou não. Acreditam nas flores vencendo o canhão. Há soldados armados. Amados ou não, quase todos perdidos de arma na mão. Apesar do perigo, venceram o
inimigo, armados da paz.E o inimigo mora ao lado...
O Bial da Globo,emocionado, deu o tom do concerto de vozes da liberdade:     o muro caiu!
Pelas mãos agitadas de muitos maestros, a orquestra de pedreiros improvisada, exorciza os demônios da parede sinistra. Usa instrumentos de diversos naipes. Picareta, martelo, alavanca, marreta. O som também derruba muralhas. A palavra é ferramenta e jazida fértil na construção do pensamento. A grande sacada é como saber usa-la. O sonho, da mesma forma, é ótimo combustível para a transformação.
A roda do tempo ajustou sua engrenagem, Depois que o muro caiu, o Portão de Brandemburgo abriu as comportas que represavam as águas da liberdade. Voltou a ser a ponte que dialoga com os dois lados da cidade. Arco do triunfo da vontade do povo. Admirável gado novo que mesmo ferido, nunca desiste de seu sonho. Apesar da noite escura, luta para sobreviver.
Um efeito dominó varreu o continente. Com direito a up-grade da democracia. A Alemanha ficou una, ”foi pro espaço” a União Soviética. Implodida, junto aos países satélites que se tornaram independentes.
.O mundo bipolar sifu...! Deu no artista Ronald Reagan e no carismático Mikhail Gorbatchev um insight genial: puseram a quatro mãos uma pá de cal neste grave incidente entre Rússia e Estados Unidos, conhecido como Guerra Fria. De quebra, botaram uma pedra na boca do dragão:a desativação das plataformas de mísseis com ogivas nucleares e poder de fogo para destruir a terra três vezes. Como se isso fosse possível!O bicho homem tem mania de grandeza até para construir o mal. Exagerado..!

 Souvenir,

Derruído e desintegrado em fração molar da fortificação russa, o muro caminhou na geografia da Terra, embalado como lembrança. Cartão postal de concreto, sujo de sangue. Fragmentos de sua própria história guardam a memória da ditadura dos anos de chumbo. Teatro de tragédia,drama,horror.
A travessia do paredão funesto, significava para o morador do lado leste, um salto para um porto seguro. Contudo, mais de uma centena de ousados odisseus, arriscando a vida nas asas da liberdade, alcançaram a morte!
Absurd,
Poucos sabem, mas o aprimoramento da segurança, a primazia em evitar evasão levou os soviéticos a construir, não só um e sim dois muros. Separados entre si, por uma extensa área, contendo cerca de arame farpado, barreira, fosso, alambrado, campo minado. Os guardas armados tinham licença para matar qualquer suspeito de pular a cerca,
literalmente!.Deu pra perceber que o buraco é mais embaixo. A nóia do princípio da história, esta presente aqui. E mais, postadas bem alto, estratégicas guaritas, no intuito de privar dos orientais o direito de ir e vir até o lado ocidental. Parece mais uma planta de presídio de segurança máxima brasileira. Insensatez!
Esta chaga aberta no peito de Berlim, deu metástase. O câncer veloz e voraz se espalhava em linha, por cento e cinqüenta quilômetros, costurada a ferro e fogo. Detalhe: isto em tempo de paz! A grande guerra acabara há mais de vinte anos, Daí se afirmar que o homem é o lobo do homem. Pasme!
Ainda hoje a alma do berlinense dói, e muito! As cicatrizes fecham em si, arquivos pesados e terríveis!Recordando um passado que insiste em ser lembrado. O muro jaz desintegrado.
Quanto às barreiras, foram derrubadas?  
Os do oriente estão irmanados aos alemães ocidentais?
Não são as respostas e sim as perguntas que alimentam o espírito e fomentam nossa evolução enquanto humanidade.  
Apartheid,
A cortina de ferro, em sua esquizofrenia geopolítica segregava em gueto, brancos, anglo saxões, doces bárbaros germânicos. A proibição de deixar o país é um confinamento castrador, semelhante ao que os nazistas impuseram aos judeus, restringindo a liberdade individual, econômica e social.            
Curiosamente, esse apartheid singular é um similar grosseiro, do genérico e original em Soweto, na capital Cabo, África do Sul.
Mesmo depois da abertura da cortina, as sequelas da doença social perduram. Existem rixas, veladas ou não, entre os ossi, do leste e os wessis,
ocidentais .Grupos de neonazistas jovens,perseguem negros,turcos e homossexuais.Professores,pais,não querem reviver essa mancha em sua história.Os alunos sequer lembram quem mandou construir a separação.  
É preciso derrubar o muro, na cabeça do ser humano. É preciso saber viver...
Brazil,
País tropical, abençoado por Deus, com certeza! E bonito por natureza, que beleza!
Não tem guerra. Bem, a do Paraguai, foi há muito tempo e a do narcotráfico taí pra ninguém reclamar. Preso é quem comanda e manda matar.
Não tem preconceito de raça. Bom, é melhor não dizer nada...
Não teve o Hitler, nem sua polícia secreta, a Gestapo. Aguarde o próximo capítulo...
 Getúlio Vargas deu de presente, pelas mãos vingativas de Filinto Müller, a jovem militante socialista alemã e pior, judia, Olga Benario, ao Führer. Foi extraditada pela Gestapo grávida de sete meses, um agravante nas leis internacionais de navegação. Teve sua filha na prisão em Berlim. Após, foi a óbito na câmara de gás, em um campo de concentração. Essa ignomínia perpetrada pelo ditador gaúcho, foi motivada por simpatia ao fascismo e birra dos patrícios comunistas. Destaque especial para o Cavaleiro da Esperança, Luiz Carlos Prestes, companheiro de Olga.          
O regime nazista não fez sucesso aqui, em compensação, suor e sangue foram eliminados por duas gordas ditaduras: a de Vargas e sua sócia em espoliar a liberdade-a “revolução” dos militares. Simultâneo, à leva de pracinhas da FEB em campos da Itália para lutar contra a ditadura fascista.
no time dos aliados.A raposa estrategista Getúlio Vargas,o “Pai dos Pobres e Mãe dos Ricos”,  com sua  mão esquerda, tomava chimarrão e a direita ,lhe servia à administração de seu regime de exceção, made in Brazil!
Pergunto a você: BERLIM É AQUI?...



                                                     “Contar é muito dificultoso, não pelos anos que se já passaram, mas pela astúcia que tem certas coisas passadas”. GUIMARÃES ROSA-médico e diplomata em Baden Baden e Hamburgo, Alemanha.                                                                                                 
Conclusion,
a humanidade só evolui, reconstruindo o passado.Não basta recordar,é preciso mudança de paradigmas.É necessário buscar novos horizontes.
Aprender também é preciso, com nossos erros e dos outros, aqui ou alhures.
Desde que se dê uma chance à paz, pode sim, fazer a diferença em nossa coexistência. E o mundo será um só, não somente na canção do poeta John.
Evitar construir fosso de isolamento, muro de intolerância. Olhar o outro do alto de guaritas de segurança do nosso ponto de vista, é miopia mental.
Palavra farpada é barreira montada em defesa de atitude conservadora e preconceituosa.
Deixar de alimentar o muro interno. Egoísmo exacerbado é seu nutriente, blinda a percepção do eu, não deixa enxergar o nosso brilho.
Desestimular a luta do lado dark, depressivo, que só vê defeito, dificuldade em si.
Muitas vezes, esse lado escuro, não permite a luz do sol entrar.
Detonar o muro criado dentro de nós é um princípio de liberdade.
Depende de nós, unicamente. Sair do inferno e no curto espaço de um tempo
 de vida, chegar ao céu. IMAGINE...!



                                                              “Ser feliz é reconhecer que vale a
pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar autor da própria história.”
                                                               Fernando Pessoa, poeta português.


20 de novembro de 2009

DIA  DA CONSCIÊNCIA NEGRA

Sugestão: Deixar de ser um dia cravado no pé do calendário e passar a ser durante o ano todo, um jardim da infância da convivência cidadã, onde possamos permutar flores da experiência de cada um.
Permitir-nos, construir uma ponte para dialogar com o outro. Como a criança que dá sua mão, despreocupada com a cor da pele, da mão que a une à roda de ciranda. Sem medo de ser feliz. Ser criança é simples assim...

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